O OFÍCIO DO POETA
Contemplar as palavras
escritas sobre o papel,
medi-las, sopesar
o seu corpo no conjunto
do poema e, depois,
tal qual um artesão,
distanciar-se a observar
como emerge a luz
da delicada textura.
Assim é o velho ofício
do poeta, que começa
na ideia, no sopro
sobre a poeira infinita
da memória, sobre
a experiência vivida,
a história, os desejos,
as paixões do homem.
O povo oferece-nos
a matéria do canto
com a sua voz. Devolvamos
as palavras reunidas
ao seu autêntico dono.
Tradução possível de HMBF.
escritas sobre o papel,
medi-las, sopesar
o seu corpo no conjunto
do poema e, depois,
tal qual um artesão,
distanciar-se a observar
como emerge a luz
da delicada textura.
Assim é o velho ofício
do poeta, que começa
na ideia, no sopro
sobre a poeira infinita
da memória, sobre
a experiência vivida,
a história, os desejos,
as paixões do homem.
O povo oferece-nos
a matéria do canto
com a sua voz. Devolvamos
as palavras reunidas
ao seu autêntico dono.
Tradução possível de HMBF.
José Agustín Goytisolo nasceu em Barcelona no dia 13 de Abril de 1928. Sua mãe faleceu, tinha o poeta dez anos, vítima de um bombardeamento franquista. Palabras para Júlia, um dos poemas mais célebres de José Agustín Goytisolo é dedicado à sua mãe. Publicou o seu primeiro livro, El retorno, no ano de 1955, já depois de haver começado a estudar Direito, estudos que viria a terminar na capital espanhola. Amigo de vários poetas e ficcionistas combatentes da ditadura franquista, Goytisolo foi sempre um poeta anti-academista, mais inclinado para a vida nocturna e para a boémia. Ganhou vários prémios literários, traduziu vários poetas, organizou antologias. O seu último livro, Cuadernos de El Escorial, data de 1995, depois de alguns interregnos motivados por depressões, excessos, crises criativas várias. Suicidou-se no dia 19 de Março de 1999.
<< Home