NÃO QUERO MAIS DO QUE TENHO.
A medida para o malho,
Pela taxa da Cafeira
Que tem do malho a craveira,
São dois palmos de caralho,
Não quer nisto dar um talho.
E eu zombo do seu empenho
Pois, tenho um palmo de lenho
Com que outras putas desalmo,
Inda que tenha um só palmo
Não quero mais do que tenho.
Pela taxa da Cafeira
Que tem do malho a craveira,
São dois palmos de caralho,
Não quer nisto dar um talho.
E eu zombo do seu empenho
Pois, tenho um palmo de lenho
Com que outras putas desalmo,
Inda que tenha um só palmo
Não quero mais do que tenho.
Gregório de Matos, o Boca do Inferno, nasceu em Salvador, no Brasil, no dia 7 de Abril de 1623. Filho de um português e de uma baiana, estudou Humanidades no Colégio dos Jesuítas, tendo-se transferido posteriormente para Coimbra onde viria a doutorar-se em Direito. Em Portugal exerceu cargos de juiz criminal e procurador. Regressou ao Brasil com 47 anos de idade, recebendo cargos de vigário-geral e de tesoureiro-mor. Foi deposto desses cargos por não querer cumprir as ordens eclesiásticas. Optando por uma vida de boémia, ao mesmo tempo que aguçava o seu espírito mordaz em contundentes sátiras, foi-se transformando, com os anos, numa personalidade cada vez mais marginal. Uma das suas sátiras valeu-lhe a deportação para Angola. Em Luanda voltaria a exercer advocacia, regressando ao Brasil em 1695, para aí falecer um ano depois. A sua obra poética, satírica, pornográfica, mas também lírica e moral, foi compilada em seis volumes.
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