A FONTE
Era uma vez
não, era duas vezes
sim, duas vezes que eu
fui à fonte e perdi
os três e à quarta
casei-me
à quinta pensei dizer-lhe
se continuas assim
mas não disse e
na sexta arrependi-me
mas já era tarde
pois no sábado morri
e no domingo, azar,
já não havia
fonte
Rui Costa
5 Comments:
hoje pensava em perguntar porque nunca mais aparecias. eis-te. boa. com este poema não brinco porque é muito sério.
:)
ou se calhar brinco:
CANTIGA DE LIANOR
mote: descalça vai para a fonte
lianor pela verdura
vai fermosa, e não segura.
VOLTAS
à uma lianor ia descalça
à fonte onde os perdeu
e dos três que vos falo
ao primeiro o beijou
ao segundo o abraçou
e ao terceiro
já por falta de dinheiro
ao senhor encomendou
veio-se o gajo montês
ainda outra e outra vez
e à quarta na verdura
tan farta d'ir descalça
desluva a mão e segura
bate-lhe ali uma punheta
arregala-se o sê homem
e à quinta é de vez:
à lianor tão verdura
arrima~lhe p'la desfeita
uma carga de porrada:
por este andar, lhe diz,
ainda me vens a fumar...
t'arrenego bicho com olhos
e pezinhos de coentrada:
ai lianor tão fermosa
tão fermosa e tão segura
tão segura e tão descalça
no domingo cheira à verdura
e à beira do caixão
tão fermosa e tão segura
à morte de véspera comó peru
vai a pobre encomendada
Quisera eu criar para ti
uma palavra redonda, mas
perdi-me na aresta de uma letra nada transpareceu...
desimpiraste-me
esqueci-me
MASilva
uma verdadeira tusa alenas, essa lianor. é o que se quer.Rui Costa
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