Fragmentos # 2: Retrato de Família
Corro em torno da mesa do jantar sem parar. A respiração acelera, cada vez mais intensa, sinto-me livre aqui às voltas. Os irmãos sentados à mesa com diálogos sarcásticos, a mãe a tentar impor a ordem, já está farta, dizendo:
- Pelo menos à mesa comportem-se como pessoas civilizadas...
E eu a correr sem parar, às voltas; às voltas; às voltas...a sala é enorme, a mesa é enorme, estou a diminuir, transpiro em alta velocidade em torno deles. O caminho cada vez é maior e corro à volta da mesa com enorme satisfação, passo de raspão por eles todos. A minha irmã rezinga contra os padres, o meu irmão ri e diz que só fala com padres na presença do advogado. A minha mãe encolhe os ombros. O meu pai tira um cigarro à minha outra irmã, ela refila porque ele não pode fumar. O meu cunhado está nervoso, sentado em frente ao meu irmão, ele pergunta com ar de gozo quando é que lhe pode bater. O meu cunhado ri, nervosinho e começa a suar, a minha cunhada manda o meu irmão passear, abanando a cabeça, a rir. O meu outro irmão coça a cabeça. O mais velho chega tarde e não janta, a mais velha à cabeceira tem os óculos a escorregar no nariz, lá os compõe com um dedo, para ver melhor o que se passa.
Corro à volta da mesa do jantar sem parar, sou pequena outra vez, vou em alta velocidade e agora a rir às gargalhadas, os meus sobrinhos seguem-me, um deles vai pedindo:
- Ó tia, canta aquela música que cantavas quando era pequeno, que fala dos campos verdes. O meu sobrinho mais velho traz uma espada, o outro imita uma mota, outro segue-me de triciclo e a mais pequena de gatas.
- Pelo menos à mesa comportem-se como pessoas civilizadas...
E eu a correr sem parar, às voltas; às voltas; às voltas...a sala é enorme, a mesa é enorme, estou a diminuir, transpiro em alta velocidade em torno deles. O caminho cada vez é maior e corro à volta da mesa com enorme satisfação, passo de raspão por eles todos. A minha irmã rezinga contra os padres, o meu irmão ri e diz que só fala com padres na presença do advogado. A minha mãe encolhe os ombros. O meu pai tira um cigarro à minha outra irmã, ela refila porque ele não pode fumar. O meu cunhado está nervoso, sentado em frente ao meu irmão, ele pergunta com ar de gozo quando é que lhe pode bater. O meu cunhado ri, nervosinho e começa a suar, a minha cunhada manda o meu irmão passear, abanando a cabeça, a rir. O meu outro irmão coça a cabeça. O mais velho chega tarde e não janta, a mais velha à cabeceira tem os óculos a escorregar no nariz, lá os compõe com um dedo, para ver melhor o que se passa.
Corro à volta da mesa do jantar sem parar, sou pequena outra vez, vou em alta velocidade e agora a rir às gargalhadas, os meus sobrinhos seguem-me, um deles vai pedindo:
- Ó tia, canta aquela música que cantavas quando era pequeno, que fala dos campos verdes. O meu sobrinho mais velho traz uma espada, o outro imita uma mota, outro segue-me de triciclo e a mais pequena de gatas.
Maria João
2 Comments:
O meu avô ressona, o meu tio coça os tomates, o bébé cheira a cagada fresca...
Mas que grande chachada!!!
Não chega descrever "coisinhas". É prreciso algo mais.
Primo
Pois é, esqueci-me dos primos, precisava de correr...
Maria João
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