O parêntesis
Eduardo Prado Coelho publicou hoje no Público um texto, naquele seu estilo mais afectuoso, onde lista alguns dos que são, em sua opinião, excelentes editores e programadores portugueses. Termina assim: «Algumas editoras recentes optam pelo número reduzido de livros, mas de grande qualidade. É o caso interessante de Valter Hugo Mãe [maiúsculas do autor], que lançou alguns livros curiosos (embora tenha apoiado a sua estratégia comercial num débil mental como João Pedro George). É o caso de Jorge Reis Sá [omissão de hífen do autor] e no [?] excelente trabalho da Quási [acento do autor]. Ou é [opção disjuntiva do autor] o caso de uma tentativa notável, a de Manuel Fonseca com Guerra e Paz. Esperemos que tudo isto dê bons resultados.» Não me perguntarei sobre omissões escandalosas. Victor Silva Tavares, só para dar um exemplo. Pergunto antes: para quê o parêntesis? A gente pode concordar ou não concordar com um homem. A gente pode até não simpatizar com um homem. A gente pode inclusive odiar um homem. Mas para quê o parêntesis? João Pedro George pode ser muita coisa, mas lá débil mental é que ele não é. Aliás, diria mesmo que só uma certa debilidade mental justifica um parêntesis assim.
11 Comments:
sugiro que se sigam os links deste post e que se tente descobrir o débil verdadeiro mental
(hehehe)
JPT, não se trata de paninhos quentes. Trata-se de um parêntesis que não acrescenta nada à prosa. É só mais uma investida de EPC contra alguém que odeia por ter sido anteriormente insultado por esse alguém. O que tem que ver o parêntesis com o resto da prosa? Nada. Zero. Não acrescenta nada. É o insulto pelo insulto.
Eu segui os links e encontrei o Reis-Sá !
Adivinhei, Rui?
Ou serei eu o débil mental, por ter que seguir os links para descobrir o óbvio, que o Reis Sá e todos os que o adulam, Prado Coelho incluído, débeis mentais ?
É porque a palavra «mental» (e não mentol) é que está a dar. João Pedro George chamou «caso mental» (via Pessoa) à outra e safou-se... O Fani chamou «atrasado mental» ao Camões (que lhe andava a lixar sistematicamente o 11º ano, no tempo em que ainda havia clássicos no ensino) e safou-se com um dez... Eu chamo «portento mental» ao atrasado mental do meu chefe e vou-me safando...
No caso deste artigo nem é o estado mental de JPG que me preocupa; não tenho dúvidas de que ele passa muito bem por cima disso. Creio que EPC acaba por sair bem mais lesado que
JPG pela referência...
Preocupa-me significativamente mais que EPC, que infelizmente escreve naquele que considero o melhor jornal português, refira editores e editoras que... pois está bem, até lançam de vez em quando alguma coisa engraçada...
mas àquele lorpa tinha que lhe escapar a já referida &etc, a antigona, a fenda, as saudosas black son e hiena, a pequena averno... quanto às referidas, valha-me a cavalo de ferro!!
depois de eduardo mãos de tesoura e eduardo mãos de pénis...
(desculpem-me a brejeirice)
para quando EPC - eduardo pénis no cu!!!
não o deixem é lá meter as mãos, que eu necessito da prosa desse homem para os dois minutos de riso - preocupações terapeuticas!
Oh henrique pah, não fiques chateado por este tom brejeiro - é só brincadeira e ontem até foi o dia da besta...
paninhos quentes meto eu. como não sou dessas vidas não percebo bem se esse ambiente acintoso é de sempre (deve ser) ou é do blogoagora. mas que a rapaziada da literatura (em particular da poesia) é muito arisca uns com os outros é. andam sempre à bulha - é pior do que os políticos. mas na política (e na bola) ainda há taco que justifique tanto afã. agora nas letras ...
(se o epc estava a devolver um insulto então acrescenta à prosa uma devolução de insulto. é significante)
mas passo, que me é coisa estranha
No meu bairro há uma velha que, sempre que lhe dão trela, começa a mandar tudo e todos para os sítios lá da terra dela. Não me preocupa que ela cuspa calão, indiscriminadamente, para quem passa. Também não me preocupa que EPC tenha diagnosticado debilidade mental em JPG. Mas chateia-me que o faça quando isso não vem ao caso, depois de já o ter feito anteriormente (quando isso veio ao caso). E porque razão há-de isso chatear-me? Porque isso denota um estado de coisas que sempre me chateou. É o estado do rancor mais mesquinho e pútrido. Não se trata de ressentimento. É mesmo rancor mesquinho. Num artigo onde uma série de nomes de editores é citado, vem lá o do George. O George é editor? Não. Mas EPC não podia perder esta oportunidade de lubrificar o seu rancor. Meteu-se ao nível da velha cá do meu bairro. Com uma diferença. A velha não reage. Age.
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a razão está contigo! e, como diz uma amiga minha: "o Público" está a tornar-se cada vez mais fascizóide e tendencialista" (ver http://bluetisthelifeofwaters.blogspot.com/2006/05/10-minutos-e-eis-razo-para-hoje.html#links). este país tem vindo a tornar-se uma decrépita manta de retalhos lobísticos que nada mais fazem do que atirar pedras à desvairada e limpar as pedras que outros lhes atiram de cima dos seus próprios telhados. e são tão débeis, esses telhados!
JPT, julgo que você tem razão no diagnóstico. Mas o «ambientezinho estapafúrdio de remoques e queixas, críticas e sublinhados, protestos e zangas» deve-se precisamente ao facto de o mundo literário em Portugal continuar encerrado como há décadas. Eu prefiro a divulgação e a partilha à discussão, mas não me escuso à indignação. E há coisas que me indignam. Como por exemplo, esse triste parêntesis que, para mal dos nossos pecados, é bem revelador do estado das coisas. Repare que EPC não é propriamente um qualquer nas letras portuguesas. Se ele não se dá ao respeito, imagine os restantes. Sabe o que sinto enquanto leitor? O mesmo que sinto enquanto cidadão: isto está entregue a meia dúzia de famílias que passam a vida a citar-se umas às outras para desse modo amuralharem os seus nichos de exibição. É por isso que me chateia que nos jornais se fale sempre do mesmo. Um livro é citado por alguém de estatuto e vai toda a gente a correr ler esse livro para ter algo que dizer. Falam todos do mesmo, dizendo quase sempre o mesmo. É uma pobreza, uma miséria. Há a net e o resto. Certo. Mas veja bem noutro post, citado de Eduardo Pitta, a história deliciosa do jovem poeta que acha que não vale a pena falarem do seu livro na net. Ele quer é aparecer no Mil Folhas. Cá em casa, 95% do Mil Folhas serve de forro para o caixote do lixo. Mas o poeta (perdoe-se-me o sacrilégio por chamar poeta a alguém que se dá tanta importanticidade) quer aparecer no forro do caixote do lixo. E agora deixa-me cá fechar a boca que já falei demais.
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