CANTILENA
às vezes eu penso, ou então não penso.
às vezes cresço por dentro e então digo:
de quem é esta terra mais pequena, aquele
espaço no cabelo mais pequeno tão quando
a tua mão tão na minha? apertá-la é um lugar
muito perto. e digo ainda: quem é a locomotiva
de silêncio? lá fora é dia e a noite é um moinho.
sim, a planta entende as tuas pernas porque canta
nelas. a mão bate na cara, a canção hoje canta!
se alguém me perguntar eu digo que a beleza
é uma garganta toda azul a escorregar no céu.
e falo numa máquina feia de segredar ao ouvido.
quero comer o mar
quero um silêncio assim durante quinhentos poemas
Rui Costa nasceu no Porto em 1972. Estudou Direito em Coimbra e foi advogado durante seis anos, em Lisboa e Londres. Concluiu um mestrado em Saúde Pública em Leeds, Inglaterra. Foi um dos vencedores do Concurso Jovens Criadores/97, do Clube Português de Artes e Ideias. Em Maio de 2005 publicou A Nuvem Prateada das Pessoas Graves, livro vencedor do Prémio de Poesia Daniel Faria 2005.
9 Comments:
olha o Costa, está tão desfocado, é pena, o poema é muito bonito.
De Coimbra a um blog. Qual é a distância?
Belo poema!
as palavras sôfregas, tão sôfregas que escreves, rui... devorei-as como sempre, com o mesmo prazer com que se termina um festim, lambendo os dedos e desejando mais do que ainda não se teve. que saudades de te ler assim, sofregamente. caiu-me bem, muito bem.
Rui, acaba de ganhar um novo leitor.
Um abraço,
HMM
quero um poema assim por toda a sorte dos quinhentos silêncios.
Belíssimo.
ás vezes penso que penso
e imagino-me a existir.
Gostei, contudo o este poema precisaria de super cola 3 para encaixar melhor dentro de si
(Fora do Contexto)
Não se se se será por aqui que te vou "encontrar", talvez sim, e somente para te enviar 1 sincero abraço pelo prémio em romance que obtiveste em terras algarvias.
(estamos em meados de Maio de 2007..)
Gostei muito do poema. Tem mais um leitor. Se tiver pachorra passe por
http://apalavraeocanto.blogspot.com
ADR
um silêncio durante quinhentos poemas! belas imagens!
parei aqui por conta de Maria Gabrila Llansol.
Onde leio mais Rui Costa?
abraços do Brasil,
flávia
Enviar um comentário
<< Home