Uma lista no elmundolibro.com. Nem um português. A morte saiu barata aos malditos cá do burgo. Se não me esquecer, hei-de fazer qualquer coisa do género aqui no Insónia. Mas só com portugueses.
Pá Henrique, esta lista foi elaborada por espanhóis. E para o burro espanhol, todo o escritor português, salvo a honrrorosa excepção do naturalizado Saramago, é considerado demasiado maldito para integrar sequer a «lista dos malditos». :)
não ligues a essa lista. dos russos, só Bakhunin (!). e então gógol, que era maldito, alucinado, heterodoxo e ortodoxo? e que até inventou um rei de espanha que era louco?
O mais interessante, parece-me, é que a designaçãwo "libertino" ou mesmo "maldito" -que não são sinónimos -, perdeu hoje, 2006, toda a carga iconoclasta, no que à moral sexual e outras, diz respeito. Heterodoxos e alucinados, parece-me muito mais actual e semanticamente adequado.Ressalvando, é claro, aqueles que são perseguidos por regimes políticos iníquos.
O Sade, coitado, em tempos sem Net, nem sites pornográficos, ou "prestativos" anúncios em jornais e tvs,kgz tinha que fazê-los mesmo lá em casa. E sem direitos de autor.
o kgz que anda aí no meio, é mais uma vez intromissão da chata "word of verification". Não vá, alguma polícia de costumes, pensar em alguma perversidade.
Mais próximo de 2006, temos o Bukowski. Ele é cabrão, bebedolas, drogado, machista, misógino, racista, xenófabo, ególatra, nauseabundo, cínico, filho-da-puta, decadente, ele é a reunião do que a Humanidade sempre «pesadelou» e que eu só lamento não conseguir agregar em mim.
Mas isso de tempos é algo de desprezível para um maldito, e até para um libertino. Mudam-se os tempos, mudam-se todas as vontades a não ser as dos malditos.
Em suma: partindo do princípio que sabemos o que é um escritor maldito, ainda que o saibamos na base de paradigmas mais ou menos subjectivos, parece-me que Portugal também tem os seus. Não os terá à dimensão de um Jarry pistoleiro, de um Sade subversivo, de um Nietzsche super humano (a este nem a cátedra resistiu), de um Lacenaire assassino, de um Bukowski auto-destrutivo, etc, mas tê-los-á na medida do possível. A medida do possível é, para todos os efeitos, a nossa medida. Sempre foi essa a nossa medida. Quanto ao que entendo ser um escritor maldito, deixo para post. Não sei se ainda para esta semana, mas certamente antes de basar para férias.
Maldito é aquele que é amaldiçoado, contra quem se profere a Maldição. "Maldito" é uma das metamorfoses do "Romântico". Uma viagem "danada" no ego/alter ego que uma poética adequada manifesta e uma biografia DEVE corroborar. Não há "Maldito" de vida anónima - esse será "apenas" criminoso. "Maldito" é, assim, uma etiqueta póstuma à expressão, dada por um grupo a outro. É um julgamento moral de actores realizado num tempo numa sociedade. Celine é "Maldito"? Quando? Para quem? E Sade? Quem é mais "Maldito"? E Marilyn Manson? Quem é que acha, hoje, que Rimbaud e Verlaine são "Malditos"? Há quem ache que Carl Orff é "Maldito". E se Nietzsche (e já agora Wagner) pode ser "Maldito" não o poderá Heidegger? E Hitler? O cabrão, bebedolas, drogado, machista, misógino, racista, xenófabo, ególatra, nauseabundo, cínico, filho-da-puta, decadente e, alem disso, uxoricída por engano, de alguns juízes leva a pena de morte, de outros a pena de não levarem a vida. Resumindo, "Maldito" é uma marca e um modelo de artista, como de um carro ou de um microondas, que serve para uns consumidores e não serve para outros. É um carimbo necessário para catalogação e replicação de identidades. Alguns diriam que "Maldito" é uma noção burguesa. Maldito é do âmbito do mito e da religião.
8 Comments:
Pá Henrique, esta lista foi elaborada por espanhóis. E para o burro espanhol, todo o escritor português, salvo a honrrorosa excepção do naturalizado Saramago, é considerado demasiado maldito para integrar sequer a «lista dos malditos». :)
não ligues a essa lista. dos russos, só Bakhunin (!). e então gógol, que era maldito, alucinado, heterodoxo e ortodoxo? e que até inventou um rei de espanha que era louco?
O mais interessante, parece-me, é que a designaçãwo "libertino" ou mesmo "maldito" -que não são sinónimos -, perdeu hoje, 2006, toda a carga iconoclasta, no que à moral sexual e outras, diz respeito.
Heterodoxos e alucinados, parece-me muito mais actual e semanticamente adequado.Ressalvando, é claro, aqueles que são perseguidos por regimes políticos iníquos.
O Sade, coitado, em tempos sem Net, nem sites pornográficos, ou "prestativos" anúncios em jornais e tvs,kgz tinha que fazê-los mesmo lá em casa. E sem direitos de autor.
o kgz que anda aí no meio, é mais uma vez intromissão da chata "word of verification".
Não vá, alguma polícia de costumes, pensar em alguma perversidade.
Mais próximo de 2006, temos o Bukowski. Ele é cabrão, bebedolas, drogado, machista, misógino, racista, xenófabo, ególatra, nauseabundo, cínico, filho-da-puta, decadente, ele é a reunião do que a Humanidade sempre «pesadelou» e que eu só lamento não conseguir agregar em mim.
Mas isso de tempos é algo de desprezível para um maldito, e até para um libertino. Mudam-se os tempos, mudam-se todas as vontades a não ser as dos malditos.
O que não é e o que é a libertinagem, pela voz de um praticante: http://antologiadoesquecimento.blogspot.com/2005/11/5-vezes-no-libertinagem-no.html .
Libertinos & Malditos: http://antologiadoesquecimento.blogspot.com/2005/06/colagem-sade-fourier.html .
Em suma: partindo do princípio que sabemos o que é um escritor maldito, ainda que o saibamos na base de paradigmas mais ou menos subjectivos, parece-me que Portugal também tem os seus. Não os terá à dimensão de um Jarry pistoleiro, de um Sade subversivo, de um Nietzsche super humano (a este nem a cátedra resistiu), de um Lacenaire assassino, de um Bukowski auto-destrutivo, etc, mas tê-los-á na medida do possível. A medida do possível é, para todos os efeitos, a nossa medida. Sempre foi essa a nossa medida. Quanto ao que entendo ser um escritor maldito, deixo para post. Não sei se ainda para esta semana, mas certamente antes de basar para férias.
Conclui-se que os Malditos são como as Bruxas: não se acredita na sua existência, mas que os há, há!
Maldito é aquele que é amaldiçoado, contra quem se profere a Maldição.
"Maldito" é uma das metamorfoses do "Romântico". Uma viagem "danada" no ego/alter ego que uma poética adequada manifesta e uma biografia DEVE corroborar. Não há "Maldito" de vida anónima - esse será "apenas" criminoso.
"Maldito" é, assim, uma etiqueta póstuma à expressão, dada por um grupo a outro. É um julgamento moral de actores realizado num tempo numa sociedade. Celine é "Maldito"? Quando? Para quem? E Sade? Quem é mais "Maldito"? E Marilyn Manson? Quem é que acha, hoje, que Rimbaud e Verlaine são "Malditos"? Há quem ache que Carl Orff é "Maldito". E se Nietzsche (e já agora Wagner) pode ser "Maldito" não o poderá Heidegger? E Hitler?
O cabrão, bebedolas, drogado, machista, misógino, racista, xenófabo, ególatra, nauseabundo, cínico, filho-da-puta, decadente e, alem disso, uxoricída por engano, de alguns juízes leva a pena de morte, de outros a pena de não levarem a vida.
Resumindo, "Maldito" é uma marca e um modelo de artista, como de um carro ou de um microondas, que serve para uns consumidores e não serve para outros. É um carimbo necessário para catalogação e replicação de identidades.
Alguns diriam que "Maldito" é uma noção burguesa. Maldito é do âmbito do mito e da religião.
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