Bípede voluptor de lira
Castrado esposo de Polimnia
Sifilítico de lua em banho-Maria
Grão-duque refogado em livrarias
Marau enforcado em redondilhas
Bandido pelos gregos declinado
Albatroz de polainas de patilhas
Cigarra que passa fome de rabo
Poeta, identifique-se!
Bebi Waterman do Littré roí ossos
E já desprezo o gargalo da sintaxe
De tanto deslumbrar os preciosos
Do meu ventre com’ um eixo a frase nasce
Fiz contrato trimestral co’ os adjectivos
Que roçam o pêlo pla minha lanterna
E joguei no Casino os conjuntivos
A camisa a Claudel e os tais «modernos»
Enquanto Tzara s’ escarrancha no bidé
Na estalagem dádá a bosta é literária
O verso livre enfim a rima ‘stá de férias
Já se pode poetizar o proletário
Literatura obscena criada em escuridão
Onanismo que se limpa a papéis finos
Há bacanal no hemistíquio amigos
Que m’ importa Jean Genet o teu tesão
A poética liberta é uma treta
Poeta agarra nela dá-lh’ porrada
Põe-lhe ferros nos pés e a rima à vela
Terás a Musa vamp e bem arreada
Ventre esfaimado ouvido alerta
Larápio a mão que se desfralda
Pólen pr’ abelha em venda aberta
Caveira ainda de fresco calva
Verme às estrelas de fachina
Porcalhão que na quadra s’ alivia
Masturbado que o tutano s’ esvazia
Na fachada da esquina
Poeta… vá, circule!
Castrado esposo de Polimnia
Sifilítico de lua em banho-Maria
Grão-duque refogado em livrarias
Marau enforcado em redondilhas
Bandido pelos gregos declinado
Albatroz de polainas de patilhas
Cigarra que passa fome de rabo
Poeta, identifique-se!
Bebi Waterman do Littré roí ossos
E já desprezo o gargalo da sintaxe
De tanto deslumbrar os preciosos
Do meu ventre com’ um eixo a frase nasce
Fiz contrato trimestral co’ os adjectivos
Que roçam o pêlo pla minha lanterna
E joguei no Casino os conjuntivos
A camisa a Claudel e os tais «modernos»
Enquanto Tzara s’ escarrancha no bidé
Na estalagem dádá a bosta é literária
O verso livre enfim a rima ‘stá de férias
Já se pode poetizar o proletário
Literatura obscena criada em escuridão
Onanismo que se limpa a papéis finos
Há bacanal no hemistíquio amigos
Que m’ importa Jean Genet o teu tesão
A poética liberta é uma treta
Poeta agarra nela dá-lh’ porrada
Põe-lhe ferros nos pés e a rima à vela
Terás a Musa vamp e bem arreada
Ventre esfaimado ouvido alerta
Larápio a mão que se desfralda
Pólen pr’ abelha em venda aberta
Caveira ainda de fresco calva
Verme às estrelas de fachina
Porcalhão que na quadra s’ alivia
Masturbado que o tutano s’ esvazia
Na fachada da esquina
Poeta… vá, circule!
Léo Ferré nasceu no dia 24 de Agosto de 1916, no Principado de Mónaco. Com nove anos, vai frequentar o Colégio Saint-Charles, escola francesa em território italiano. Com treze anos terá composto a sua primeira canção (Soleil Couchant) sobre poema de Verlaine. Após os estudos na Itália, partiu em 1935 para Paris, a fim de estudar Direito. De volta ao Mónaco, começou a compor poemas, cantou nos cabarés, descobriu Charles Trenet e encontrou-se com Edith Piaf, que o aconselhou a se apresentar em Paris. Depois de se manter durante um bom tempo afastado dos acontecimentos políticos, Léo Ferré passou a frequentar cada vez mais os meios libertários, antes de ingressar no Partido Comunista Francês. Gravou poetas como Baudelaire, Verlaine, Rimbaud, entre outros. Realizou inúmeros recitais, ficando conhecido como uma das figuras cimeiras do anarquismo francês. Em 1956, contra a vontade do ex-amigo Breton, publicou o livro de poemas Poète, vos Papiers. Morreu no dia 14 de Julho de 1993.
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