E depois chegam as chuvas de outubro
e os seus prazeres estranhos
prazer de caminhar sob a carga de água
quando não se é mais do que uma epiderme
que sente no rosto e nas mãos
os ribeiros frescos que se formam
que as nuvens são bares que se abrem
e onde se vai para se esquecer se tratar: talassoterapia
prazer também de flagelante
quando a tempestade fura os seus odres negros
que a chuva chicoteia quase na horizontal
prazer sonso confesso às vezes aprecio-o
provavelmente devido a uma velha inclinação
para o meã culpa vinda do fundo da infância
(de um velho édipo diriam alguns) e dos professores primários
que me ensinavam a ler por livros edificantes embora ímpios
no vento que sopra a dobrar atravesso as ruas
onde a circulação tem o ar de um filme mudo
avanço inclinado as roupas esticadas
experimentando o prazer do pescador que resiste
à força animal da corrente
no leito da torrente que ele sobe
avanço então com um passo de cavalo de arado
que faz vir sozinho o ritmo alexandrino
e ajuda a martelar versos de pé quebrado
Tradução de Nuno Júdice.
e os seus prazeres estranhos
prazer de caminhar sob a carga de água
quando não se é mais do que uma epiderme
que sente no rosto e nas mãos
os ribeiros frescos que se formam
que as nuvens são bares que se abrem
e onde se vai para se esquecer se tratar: talassoterapia
prazer também de flagelante
quando a tempestade fura os seus odres negros
que a chuva chicoteia quase na horizontal
prazer sonso confesso às vezes aprecio-o
provavelmente devido a uma velha inclinação
para o meã culpa vinda do fundo da infância
(de um velho édipo diriam alguns) e dos professores primários
que me ensinavam a ler por livros edificantes embora ímpios
no vento que sopra a dobrar atravesso as ruas
onde a circulação tem o ar de um filme mudo
avanço inclinado as roupas esticadas
experimentando o prazer do pescador que resiste
à força animal da corrente
no leito da torrente que ele sobe
avanço então com um passo de cavalo de arado
que faz vir sozinho o ritmo alexandrino
e ajuda a martelar versos de pé quebrado
Tradução de Nuno Júdice.
Jean-Claude Pinson nasceu em Nantes em 1947. Estudou Letras na Sorbonne, acabando por formar-se em Filosofia com uma tese de doutoramento sobre Hegel. Publicou ensaios sobre poesia, como Habiter en poète, já depois de ter feito parte do grupo Tel Quel. Em 1991 estreou-se como poeta, com o livro J’habite ici. Seguiu-se, em 1993, Laïus au bord de l’eau. Mais recentemente publicou Fado (avec fantômes et flocons), em 2000, e Free jazz (2004). Ensina estética na Universidade de Nantes.
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