A FATALIDADE
A fatalidade,
Várias vezes
No meu caminho aparece;
Mas,
Não consegue perturbar
A minha serenidade.
Sòmente,
No meu olhar,
Poisa e fica mais tristeza.
Não me revolto,
Nem desespero.
- Quero morrer em beleza.
Várias vezes
No meu caminho aparece;
Mas,
Não consegue perturbar
A minha serenidade.
Sòmente,
No meu olhar,
Poisa e fica mais tristeza.
Não me revolto,
Nem desespero.
- Quero morrer em beleza.
António Botto nasceu em Concavada, Abrantes, em 1897. Cedo se estabeleceu no bairro de Alfama, em Lisboa. Estreou-se, no mundo da literatura, com as colectâneas poéticas Trovas (1917), Cantigas de Saudade (1918) e Cantares (1919), celebrizando-se com a publicação de Canções (1921). A segunda edição desta obra, publicada em 1922 pela fugaz editora de Fernando Pessoa, Olisipo, foi apreendida, tornando-o num poeta maldito. A sua obra poética, talvez o mais brilhante conjunto de poesia homoerótica da língua portuguesa, é muito vasta. Para além da poesia, Botto dedicou-se também à ficção, género que dominava com bastante à vontade e do qual se destacam as obras António (1933), Isto Sucedeu Assim (1940), Os Contos de António Botto (histórias para crianças, de 1942) e Ele Que Diga se Eu Minto (1945). Em 1947 partiu para o Brasil, morrendo atropelado no Rio de Janeiro em 1959. »
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