21.11.06

Homens que são como lugares mal situados
Homens que são como casas saqueadas
Que são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
Como crianças órfãs
Homens agitados sem bússola onde repousem

Homens que são como fronteiras invadidas
Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos
Desempregados das suas vidas

Homens que são como a negação das estratégias
Que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se com facas

Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são sítios desviados
Do lugar

Daniel Faria

Daniel Faria nasceu em Baltar, Paredes, no dia 10 de Abril de 1971. Licenciado em Teologia e em Estudos Portugueses, faleceu com apenas 28 anos, a 9 de Junho de 1999, quando era noviço no Mosteiro de Singeverga. Estreou-se em 1992, com um pequeno volume intitulado Oxálida. Recebeu vários prémios literários relativos a inéditos de poesia e conto. Colaborou nas revistas Atrium, Humanística e Teologia, Via Spiritus, e Limiar. A sua obra poética encontra-se reunida num volume editado, em Novembro de 2003, pelas Quasi Edições.

9 Comments:

At 1:18 da tarde, Blogger maria said...

Sem-fe

e o que é a poesia?

 
At 10:05 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O que é a ICAR?

 
At 10:15 da tarde, Blogger Rui Pedro said...

Mas a foto não é de Alexandre Andrade?!

 
At 10:27 da tarde, Anonymous Anónimo said...

:)
Rui Pedro, excelente!

 
At 5:08 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Nas tintas se o homem foi padre, ou se continuaria a sê-lo. É um poeta de génio sim, um dos poetas da minha vida. Como se vê, pelo comentário sem-fe, ele tinha razão ao escrever "Homem que são como lugares mal situados".

 
At 3:48 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Roteia, poeta de génio também será um pouco exagerado. Quanto ao resto, pois claro: nas tintas.

 
At 1:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Esclareço, Henrique, que não creio que Daniel Faria seja um poeta de génio universal, daqueles poetas com rasgo superior de que há meia dúzia no mundo inteiro em cada século. O que penso é que ele foi um poeta particularmente promissor, que a sua escrita acrescentou qualquer coisa de invulgar à poesia portuguesa, talvez uma radicalidade mística. A mim, pelo menos, acrescentou.

 
At 1:41 da tarde, Blogger hmbf said...

Eu diria que da sua geração, que é a minha, foi de facto um dos poetas mais promissores. Mas a obra que deixou tem colagens a autores como Herberto, Rilke e os místicos, o que fez com que ficasse por cumprir uma certa “originalidade” que julgo indispensável ao poeta de génio. Mas atenção: de acordo quanto à extrema qualidade de muito do que escreveu.

 
At 4:39 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Absolutamente fantástico! Li a antologia 3 ou 4 vezes ou mais!
:)

 

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