Guerra e Paz
No seu Panegírico (Antígona), Guy Debord confessa o seguinte: «Embora tenha lido muito, bebi mais. Escrevi muito menos do que a maior parte das pessoas que escrevem; mas bebi muito mais que a maioria das pessoas que bebem». Não faço questão que o meu epitáfio seja diferente. No entanto, por falar em epitáfio, é uma outra afirmação de Debord que agora me prende. Diz ele: «O mundo da guerra tem pelo menos a vantagem de não tolerar as néscias tagarelices do optimismo. É sobejamente sabido que no fim vão todos morrer». A conclusão é indiscutível, mas a primeira premissa nem tanto. O mundo da guerra, se bem sei pelo que me contaram, distingue-se precisamente do mundo da paz pelo inverso: é um mundo de fé, de esperança no futuro, de crença na superação das contrariedades em que o guerreiro se encontra. É no mundo da guerra que um homem pode afirmar: no fim, hei-de sair daqui vivo. Em contrapartida, só um néscio faria a mesma afirmação num mundo de paz.
1 Comments:
exactamente!
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