ESTE TÓQUIO
Paz, guerra, religião,
Revolução, não servem de nada.
Estas sementes de horror no ágil
Polegar e cérebrozinho avarento
Que aprendeu a apanhar bananas
Com um pau.
Os milhões de nós inúteis
Uns para os outros ou para o mundo
Ou para nós próprios, os sofredores do real
Ou da mente – este mundo
Não passa de um sonho? ou a vida humana
Um pesadelo enxertado em solidez
De planeta – mental, mental,
Tremor de sol – louva
O mal, despreza a liberdade com De Sade
Ou o mais alto dantesco esplendor do Deus
Ou Luz infinita ou Vida ou Amor
Ou simples anjo de ouropel no
Céu de candy dos pobres –
Divindade mental ou beleza, todos,
Platão, Aquinas, Buda,
Dionísio da Cruz, todas
As dores ou prazeres infernos ou
O que em razão ou carne
Lógica, visão, música, ou
Concocção de todas as faculdades
& pensamento tende – tende – para isto:
Este vistoso apartamento dos ricos.
O conforto dos E.U. Por si mesmo.
As duas raparigas tímidas e trémulas
Que se acariciavam em espectáculo
Por mil yen à nossa frente homens
- Num quarto gelado – para comprar à família
Uma refeição. Este baldio de
Arame sujidade carris chapas de estanho blocos
Bebés, estudantes, velhos corruptos.
Vivemos
No encontro do sol e da terra.
Vivemos – vivemos – e todas as nossas vidas
Levaram a isto, a esta cidade,
Que em breve é o mundo, esta
Impotência onde o amor do homem
Ou o ódio do homem a ninguém
Importa, ama se queres ou
Contempla ou escreve ou ensina
Mas sabe no teu tutano humano tu
Que lês, que tudo o que pisas
É terramoto podridão e matéria mental
Trémula, liberdade é um vazio,
Paz guerra religião revolução
Não servem de nada.
Revolução, não servem de nada.
Estas sementes de horror no ágil
Polegar e cérebrozinho avarento
Que aprendeu a apanhar bananas
Com um pau.
Os milhões de nós inúteis
Uns para os outros ou para o mundo
Ou para nós próprios, os sofredores do real
Ou da mente – este mundo
Não passa de um sonho? ou a vida humana
Um pesadelo enxertado em solidez
De planeta – mental, mental,
Tremor de sol – louva
O mal, despreza a liberdade com De Sade
Ou o mais alto dantesco esplendor do Deus
Ou Luz infinita ou Vida ou Amor
Ou simples anjo de ouropel no
Céu de candy dos pobres –
Divindade mental ou beleza, todos,
Platão, Aquinas, Buda,
Dionísio da Cruz, todas
As dores ou prazeres infernos ou
O que em razão ou carne
Lógica, visão, música, ou
Concocção de todas as faculdades
& pensamento tende – tende – para isto:
Este vistoso apartamento dos ricos.
O conforto dos E.U. Por si mesmo.
As duas raparigas tímidas e trémulas
Que se acariciavam em espectáculo
Por mil yen à nossa frente homens
- Num quarto gelado – para comprar à família
Uma refeição. Este baldio de
Arame sujidade carris chapas de estanho blocos
Bebés, estudantes, velhos corruptos.
Vivemos
No encontro do sol e da terra.
Vivemos – vivemos – e todas as nossas vidas
Levaram a isto, a esta cidade,
Que em breve é o mundo, esta
Impotência onde o amor do homem
Ou o ódio do homem a ninguém
Importa, ama se queres ou
Contempla ou escreve ou ensina
Mas sabe no teu tutano humano tu
Que lês, que tudo o que pisas
É terramoto podridão e matéria mental
Trémula, liberdade é um vazio,
Paz guerra religião revolução
Não servem de nada.
Tradução de Manuel de Seabra.
Gary Snyder nasceu em São Francisco no ano de 1930. Em 1947 entrou para o Reed College, cujo jornal escolar foi o berço da sua poesia. Formou-se em antropologia e literatura. Interessado pelo budismo Zen, fez estudos de chinês clássico em Berkeley, indo posteriormente para o Japão. De regresso aos E.U., casado com uma japonesa, instalou-se num vale de Nevada City levando uma vida familiar recatada. Publicou o seu primeiro livro de poemas, Riprap, em 1959. Foi ele quem traduziu a poesia de Han Shan para a língua inglesa, tornando-se um dos nomes mais influentes da Beat Generation. Ganhou vários prémios literários, incluindo o Pulitzer (1975).
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