11.1.07

IVG #25

«De que é que falamos quando falamos da Vida? É tão abrangente esta discussão. A vida é tanta coisa. Mulheres mortas por violência doméstica, era um bom tema para uma homilia num domingo, ou uma Nota Pastoral. Nunca ouvi nenhuma.
1. Aproxima-se a consulta popular em que o eleitorado vai ser convidado a dizer “sim” ou “não” a um alargamento legal do aborto, até às dez semanas de gravidez, tendo como motivo a justificá-lo apenas a vontade da mulher grávida. Embora a Igreja, porque é contra o aborto em todas as circunstâncias, não concorde com a Lei actualmente em vigor, ela apresenta razões para justificar o pedido da mulher: violação, mal-formação do feto, graves distúrbios psíquicos para a mãe. Agora pretende-se tornar legal que a mulher grávida peça o aborto só porque o quer.

Eu sei que contrasta com o papel que a Igreja atribui em primeiro lugar às mulheres - serem mães. Ou virgens. Mas nem todas querem sê-lo. Ou em determinada circunstância da vida. A mulher tem que ser, apenas, a "chocadeira"? Sem vontade e capacidades próprias? Eu sei que isto é motivo para uma longa discussão. Mas, pela Natureza, coube à mulher este papel. E coube-lhe um corpo, e uma mente, e sentimentos e decisões que em consciência pode e deve tomar. No entender do Sr bispo, não pode. Não tem legitimidade para tal. Discordo.

- Pretende-se, depois, despenalizar a mulher que aborta.

E pretende-se muito bem. O Sr D. José quer ir visitar alguma à prisão?

- Dizem outros que é um reconhecimento de um direito da mulher. “A mulher tem direito ao seu corpo”. Só que o feto é um corpo de outro ser humano, que a mulher mãe recebe no seu corpo, para o fazer crescer. O seio materno foi o primeiro berço de todos nós. É um corpo acolhido por outro corpo. Pergunto-me, sinceramente, pelo respeito que toda a mulher me merece, quantas mulheres-mães, mesmo as que passaram pelo drama do aborto, se pensarem um pouco, ouvindo o mais íntimo de si mesmas, serão capazes de fazer tal afirmação.

Cá está - a exaltação da mulher-mãe.

Sr D. José, já confessou algumas mulheres que praticaram abortos. Não lhes deu a absolvição? E a seguir quer mandá-las para a cadeia. Ou é só até 11 de Fevereiro?»
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