7.4.07

Da questão da Independente ao fundo da questão

in Sobre o tempo que passa (via Da Literatura).

Quando ilustres membros do governo Guterres, para completarem as respectivas licenciaturas, entraram em contacto directo com uma universidade dita privada, eles deveriam saber que estavam a entrar num domínio onde poderiam ser instrumentalizados por aquilo que em português corrente se chama cunha institucional. Estavam a entrar num reino sem rei nem roque [que] qualquer universidade privada praticava, chamando para docentes deputados e partidocratas, ansiosos por um cartão de visitas que lhes desse o título de professores do ensino superior, porque, lançando esta semente, um qualquer reitor poderia, amanhã, contar com um deles como decisor, colega ou dependente do decisor. Qualquer investigação jornalística pode correr todas as universidades em causa e encontrar inúmeros exemplos deste hábito lusitano, tanto nas privadas que se pretendiam publicizar, como nas públicas que, entretanto, se foram privatizando, para que todas correspondessem a esta feira de vaidades, para que todas se transformassem neste baixo nível das chamadas escolas de regime, sujeitas ao patrimonialismo da encomendação feudal. Basta passarmos os olhos pela biografia oficial de inúmeros deputados, actuais e passados, e pedirmos que nos indiquem o momento e causa dos convites que os levaram a "professores universitários". E deste processo não se livram os próprios avaliadores e avaliadores primazes. Basta recordarmos como Paulo Portas e Santana Lopes acabaram por ser nomeados directores de um centro de sondagens e passarmos os olhos pela descida ao mundo universitário e politécnico de alguns jornalistas de nomeada, pois o conúbio passou da partidocracia a jornaladocracia, avançando recentemente para grandes companhias, susceptíveis de patrocínio. Nenhum partido político consegue escapar à trama e, por isso, até se compreende o silêncio de Marques Mendes sobre a matéria, dado que poderiam surgir investigações sobre a respectiva actuação na Universidade Atlântica, até com recordações de primeiras páginas do "Expresso", onde ele aparecia aliado ao próprio primeiro-ministro actual, em actuações coloquiais universitárias. Não são precisas grandes procuradoras especialistas em "Apitos Dourados" para fazermos uma lista exaustiva de docentes de privadas ligados ao poder político partidocrático, nem será precisa muita imaginação para detectarmos quais as que estavam mais ligadas a este ou àquele partido. Julgo que, da trama, não escapam os próprios ensinos concordatário e público, onde docentes sem "curriculum" universitário ou de investigação se transformaram em distintos professores.

2 Comments:

At 7:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Isto é o que se chama ir buscar lã e ficar tosquiado.
Toda a gente conhece "professores universitários", que embora não pertençam aos respectivos quadros da instituição, - quando ós há e não estão em instalação - são pessoas sem qualificações académicas adequadas.E cuja prática docente o revela.Estes são os frutos da eclosão cavaquista das Universidades Privadas, onde entraram à época os meninos burros dos pais dispostos a pagar caras propinas.A Católica é outra história, de "copus day, etc" e o Politécnico....reticências.

Insuportáveis as vozinhas de falsete de cavacos e salazares, de demagogia barata de durões e santanas. Mesmo Soares e Sá Carneiro eram indigestos nos seus arroubos populistas.

Reaslmente Portugal precisa de um Primeiro mais parolo, mais piroso, mais manhoso e de preferência ex-seminarista.

Por isso a campanha contra Sócrates é miserável. Porque concorde-se ou não com a gestão (toda a gente quer reformar, mas que seja no quintal do vizinho) o homem é eficaz e mete num bolso os escarafunchosos da Oposição.

 
At 3:25 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Estou de acordo. Já dizia o mesmo em o "Leopardo", o Tomás de Lampeduza.

 

Enviar um comentário

<< Home