A DIALÉCTICA NAS MARGENS DO RENO
A dialéctica. Já ouvi falar da dialéctica:
era assim uma espécie de regra de três
simples no papel pardo das mercearias,
a penitência dos bígamos,
um motor a três tempos engatado
na quarta velocidade do pensamento.
O jovem Carlos leu GWF nas longas,
teutónicas noites de Inverno e escreveu
na Rheinische Zeitung um artigo
sobre o roubo da lenha aos camponeses ou
pelos camponeses: não sei bem.
Alguns discutiam se O Capital é
uma obra de maturidade ou um efeito
secundário da furunculose.
Por mim confesso: tenho saudades de tais tempos
em que despontavam as mamas em raparigas
acossadas pelo acne e pela delicadeza.
era assim uma espécie de regra de três
simples no papel pardo das mercearias,
a penitência dos bígamos,
um motor a três tempos engatado
na quarta velocidade do pensamento.
O jovem Carlos leu GWF nas longas,
teutónicas noites de Inverno e escreveu
na Rheinische Zeitung um artigo
sobre o roubo da lenha aos camponeses ou
pelos camponeses: não sei bem.
Alguns discutiam se O Capital é
uma obra de maturidade ou um efeito
secundário da furunculose.
Por mim confesso: tenho saudades de tais tempos
em que despontavam as mamas em raparigas
acossadas pelo acne e pela delicadeza.
José Alberto Oliveira nasceu em Souto da Casa, Fundão, em 1952. Médico cardiologista, publicou a sua primeira colectânea de poemas, Por Alguns Dias, em 1992. Seguiram-se-lhe os livros O Que Vai Acontecer (1997), Peças Desirmanadas e Outra Mobília (2000), Mais Tarde (2003) e Bestiário (2004), todos na Assírio & Alvim. Traduziu Auden, Russell Edson, Frank O’Hara, entre outros. É coordenador editorial da publicação A Phala.
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