O TÚMULO DE DANTE
O túmulo de Dante. Entramos.
Calados e solenes – tempo andante.
Não sabemos porquê,
mas entendemos: Dante… Dante…
Dante – Dante, e já não somos
os de há pouco. Há uma fronteira.
Não sentindo inveja, dor,
entramos no túmulo de chapéu na mão.
Sim, Dante. Ele – ficou,
e nós, cuja fama dura dois, três
anos,
o destino que nos coube
não ousamos sequer pôr a seu lado.
Enquanto os guias, com gosto, extensamente,
falam do seu destino,
pensamos em nós
com vaidade
e falta de respeito.
Mas bem no fundo da nossa alma,
de repente brilha um luminar:
o Sol reluz com súbito esplendor,
o Sol que foi o seu guia.
Tradução de Manuel de Seabra.
Calados e solenes – tempo andante.
Não sabemos porquê,
mas entendemos: Dante… Dante…
Dante – Dante, e já não somos
os de há pouco. Há uma fronteira.
Não sentindo inveja, dor,
entramos no túmulo de chapéu na mão.
Sim, Dante. Ele – ficou,
e nós, cuja fama dura dois, três
anos,
o destino que nos coube
não ousamos sequer pôr a seu lado.
Enquanto os guias, com gosto, extensamente,
falam do seu destino,
pensamos em nós
com vaidade
e falta de respeito.
Mas bem no fundo da nossa alma,
de repente brilha um luminar:
o Sol reluz com súbito esplendor,
o Sol que foi o seu guia.
Tradução de Manuel de Seabra.
Boris Slutsky nasceu na Ucrânia a 7 de Maio de 1919. Estudou direito e Literatura em Moscovo, tendo começado a publicar poesia em 1941, no mesmo ano em que começou a servir no Exército Vermelho. O seu primeiro livro apareceu em 1957, já depois da II Guerra Mundial, com o título Pámiat’ (Recordação). Muito influente junto das gerações mais novas, há quem afirme que a sua melhor poesia foi apenas publicada após a sua morte, ocorrida no dia 22 de Fevereiro de 1986.
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