NA CORRENTE
Quando jogava à bola tinha a alcunha de Oceano, o trinco do Sporting quando os trincos ainda não eram médios defensivos. A alcunha não provinha de similaridades na tez, nem, julgo eu, no físico, tendo antes que ver com um facto muito simples de explicar: tal como era apanágio de Oceano, quando me punham a bola nos pés eu ficava sem saber o que fazer com ela. Rijo e empenhando no jogo, certo é que, passando a bola, por mim não passaria o jogador. Mas jeito para o drible, visão de jogo, era coisa que, definitivamente, eu não possuía. Comigo o jogo era sempre directo. Vem isto a propósito de hoje me ter sido passada uma bola que me deixou em oceânica situação. Isto é, tenho-a nos pés mas não sei o que fazer com ela. O azia diz que é para escolher «as minhas últimas cinco leituras», supondo eu que se refira a livros e não a, por exemplo, weblogs. Sendo assim, são os últimos cinco livros passados a limpo, deixados a meio ou em actual estado de prova? Como não sei, simplificarei a jogada repartindo-me pelo de tudo um pouco. Os dois últimos livros lidos da primeira à última página foram As Moradas Inúteis, de José Carlos Barros, e Vigaristas, Ladrões e Assassinos, de Raymond Hesse. O último que deixei a meio, não por desinteresse mas por falta de tempo, foi Modernização Reflexiva – Política, Tradição e Estética no Mundo Moderno, com textos de Ulrich Beck, Anthony Giddens e Scott Lash. E por fim, neste momento, tenho em mãos, quase a terminar, O Que Foi Passado a Limpo, de Armando Silva Carvalho, e a tradução que Victor Oliveira Mateus realizou do Cândido, de Voltaire. Há ainda um conjunto de livros, quase todos adquiridos em feiras de velharias ou alfarrabistas, que vou lendo a espaços, consoante o tempo que sobra. Destes, quero destacar um livro de crónicas, O Revólver do Repórter, de Eduardo Guerra Carneiro.
P.S.: Esqueci-me de um. Ando a meio de Linguagens da arte: uma abordagem a uma teoria dos símbolos, de Nelson Goodman.
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