A ÉTICA RENTÁVEL
De uma entrevista a Ângelo Correia publicada no último número da Sábado, destaco o seguinte excerto:
Alguma vez utilizou as relações que estabeleceu enquanto político para fazer negócios privados?
Muitas vezes. A política dá uma base de conhecimento e experiência muito grande. Que ninguém diga que não beneficiou nada com o facto de ter passado pela política.
(…)
Já teve medo de ser posto em causa na sua honestidade na vida política?
Não. Nunca tive razões objectivas para sair da política por causa disso.
Acusam-no de ter vencido na vida em parte porque sempre soube identificar as pessoas certas e relacionar-se com elas.
É uma bela acusação.
Foi feita por um seu amigo de infância, Anselmo Aníbal.
Um meu querido amigo.
Ainda é?
Um dos meus melhores amigos. Ainda hoje almoçámos.
Apesar das acusações?
O Anselmo tem razão. É pena que não tenha mais razão ainda, porque eu escolho pessoas. Só escolho aqueles com quem entendo que me posso dar, que me dão garantias de honestidade, que partilham coisas comigo em relação aos negócios e à vida, de rentabilidade e de ética.
É ético meter uma cunha para alguém?
Não.
Já meteu muitas?
Dezenas, centenas! Fi-lo com todo o prazer.
Alguma vez utilizou as relações que estabeleceu enquanto político para fazer negócios privados?
Muitas vezes. A política dá uma base de conhecimento e experiência muito grande. Que ninguém diga que não beneficiou nada com o facto de ter passado pela política.
(…)
Já teve medo de ser posto em causa na sua honestidade na vida política?
Não. Nunca tive razões objectivas para sair da política por causa disso.
Acusam-no de ter vencido na vida em parte porque sempre soube identificar as pessoas certas e relacionar-se com elas.
É uma bela acusação.
Foi feita por um seu amigo de infância, Anselmo Aníbal.
Um meu querido amigo.
Ainda é?
Um dos meus melhores amigos. Ainda hoje almoçámos.
Apesar das acusações?
O Anselmo tem razão. É pena que não tenha mais razão ainda, porque eu escolho pessoas. Só escolho aqueles com quem entendo que me posso dar, que me dão garantias de honestidade, que partilham coisas comigo em relação aos negócios e à vida, de rentabilidade e de ética.
É ético meter uma cunha para alguém?
Não.
Já meteu muitas?
Dezenas, centenas! Fi-lo com todo o prazer.
7 Comments:
Fabuloso este barão. Acho que te vou roubar este post, Henrique, para o pôr lá na minha montra.
Nunca descortinei as qualidades de Ângelo Correia a não ser parecer extraordinariamente convincente ao dizer as maiores balelas, algo que nem Paulo Portas consegue. Palavra, na SIC Notícias é confrangedor ver as suas intervenções sempre no absurdo de vacuidade absoluta com um ar presumido e conciliador, do género que lhe podiam chamar filho da puta e ele começar por dizer "vamos analisar a questão do seguinte modo" e fazer uma pequena pausa para um gesto teatral da mão, de indicador para cima, inclinado sobre a secretária para o Mário Crespo. Esta foi talvez a primeira vez que o vi (li) dizer qualquer coisa de substancial e interessante.
E aquele tique de se encostar na cadeira e olhar para o tecto do estúdio, com as mãos juntas em oração de inspiração, toda gente à espera, suspensa, num debate aceso, ele faz ali a pausa, depois inclina-se para a frente e começa a falar pausadamente e com ar pesado e grave, para dizer algo do género «a questão a ter em conta é que é preciso elaborar estudos aprofundados sobre as matérias em debate.[pausa] Esta é que a questão fundamental» e aqui apoia-se só no braço direito e usa o esquerdo em gestos circulares sobre a mesa, o discurso cresce de dinâmica e rapidez, atinge um climax de intensidade e depois termina num sussurro e num acenar de cabeça, com Ângelo Correio encostado de novo à cadeira, sorriso de autosatisfação serena, terminou um sermão com a frase lapidar «e por estas e por outras, é que sem estudos aprofundados sobre as matérias em questão, não existe planeamento adequado à gestão dos assuntos».
seria uma pena perder os comentários no insónia, exemplo disso são estes dois do lb :)
Muito bem apanhado no "contraditório".
Estava a ler e a visualizar a imitação que o gato ricardo faz do prof. marcelo...
E muita lata, muita lata mesmo.
Tudo o que sempre quis dizer acerca de Ângelo Correia mas não sabia como. Na "mouche", lb.
embora não seja aqui explicitado por nenhum comentador, dá-me a impressão que o Angelo Correia é que está em causa, que é ele o parvo porque falou. Ora, o Ângelo Correia, consciente ou inconscientemente, fez uma autocrítica, pôs o dedo na ferida de uma situação que é comum a toda a classe dirigente nos diversos poderes neste país. Ângelo Correia, um dos poucos pensadores honestos que a direita tem, tê-lo-á feito de propósito? Por um rebate de consciência? Parvo é que ele não é.
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