AS FÉRIAS
Entre leituras, banhos, pescarias e piqueniques, entre o campo e a praia, a terra e o mar, algumas pessoas: as que falam alto, sujam tudo, não respeitam nada nem ninguém, conduzem com uma mão no volante e outra no cigarro, buzinam, ultrapassam, estacionam onde calha, como calha. As pessoas das filas, impacientes, bronzeadas de impaciência. Mas também as outras, as pessoas gentis. Há três anos estacionado na mesma casa, em tempo de férias sou consecutivamente brindado com vinho, batata, salsa, tomates, pimentos, pepinos, courgetes, amendoins, espinafres, ovos, pão, melancias, meloas, peras, cebolas, batata doce e sei lá mais o quê. Temos duas hortas só para nós, dois porcos nas traseiras da casa, aos quais damos os restos. Nada se perde, tudo se transforma. Adormecemos a ouvir grilos, rãs, cigarras, passareiro. Amiúde, visitamos ou somos visitados por vacas, uma ou outra mula, cavalos. Está-se definitivamente melhor no meio das melodias do campo. Às vozes das pessoas apressadas, irritadas ou simplesmente histéricas de excitação, prefiro os grilos. Prefiro os grilos, mesmo quando nos invadem a casa e impedem-nos o sono.
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