22.11.07

ERROS DE CONCORDÂNCIA



Dou frequentemente erros de concordância, daqueles que seriam evitados com uma leitura mais atenta do que escrevo. Quando me apercebo do erro, fico irritado, envergonhado, zangado. Principalmente porque calha sempre aperceber-me do erro já demasiado tarde. Não ser mestre em gramática da língua portuguesa não me serve de desculpa, pelo que o meu esforço de escrita consiste numa espécie de aprendizagem por tentativa e erro. Como não tenho quem me reveja os textos, é frequente, de texto para texto, chegar a novas conclusões sobre a língua portuguesa. Mas há erros de concordância acerca dos quais nada concluo. São explicados apenas pela desvergonha, pela ignorância, pela imbecilidade e pela mais completa ausência de senso crítico de quem escreve ao mesmo tempo que, esforçada mas ingloriamente, tenta pensar. Normalmente esses erros de concordância não são bem erros de concordância, no sentido mais correcto da expressão. Refiro-me a erros de concordância entre o pensamento e a realidade, entre o bom senso, a tal coisa mais bem distribuída do mundo, com a devida excepção de Portugal, e o respeito mais básico pela obra alheia, pelo legado cultural daqueles que ousaram fazer mais com um dedo do que nós algum dia faremos com o corpo todo. Vem isto a propósito de um texto que o meu amigo Luís Germano encontrou no manual cuja capa se reproduz acima. O meu amigo chama-lhes energúmenos. Energúmenos é elogio, caro Luís. Eles são mesmo é grunhos do mais grunho que pode haver. Atentem-se bem no conselho sublinhado com uma bola a vermelho:

Para quem veja mal, o que está escrito é: «Lembre-se do que pensa dos filmes do Manuel de Oliveira. Corte o redundante o ritmo é fundamental.» (sic)

8 Comments:

At 3:05 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Verdadeiramente imbecil. É até difícil acreditar nisto.

 
At 4:12 da tarde, Blogger hmbf said...

É o grunhismo no seu máximo esplendor.

 
At 6:06 da tarde, Blogger MJLF said...

Que gunhos!
Maria João

 
At 10:47 da tarde, Blogger hmbf said...

É isso mesmo Maria João, gunhos. Na verdade nem grunhos são.

 
At 1:59 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Falta acrescentar que o manual acompanha um portátil e-professor (a tal campanha lançada pelo governo sócrates destinada a aquisição de portáteis por professores e alunos) e que foi adquirido à TMN. Caso para dizer: - Até já imbecis !

 
At 10:58 da manhã, Blogger hmbf said...

Ainda mais grave.

 
At 5:44 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Como se não bastasse o grunhismo oleoso e a má (inexistente) pontuação na última oração, nem sabem escrever o nome do maior cineasta português...

 
At 10:34 da manhã, Blogger Alvaro said...

Curiosamente, Microsoft e TMN/PT são barómetros desta miséria a que chegámos. Colossos que vivem de um monopólio vergonhoso, à custa das mais desleais tácticas de negócio (de guerrilha), incapazes de criar por si, apesar de todo o poder (se calhar por causa de todo o poder), copiam, roubam, estragam, estupidificam. Não passam de grandes chapéus, debaixo de cujas abas se podem encontrar as criaturas mais obtusas.

 

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