QUEM TEM MEDO?
Com a mesma facilidade que denuncia, e bem, a utilização do medo como programa político, Daniel Oliveira refere-se a uma Europa a caminhar para o Estado Polícia. E dá exemplos, que são os exemplos do jornal Expresso: «Em França, usam-se câmaras voadoras ("drones”) para controlar as manifestações. Na Alemanha, aprova-se uma lei que autoriza o Estado a gravar e arquivar durante seis meses conversas telefónicas, mensagens de fax e acessos à Internet, incluindo de jornalistas, médicos e advogados.» De acordo, ainda assim talvez seja conveniente alguma calma e alguma precaução, não venhamos também nós a cair na tentação de usar o medo como programa político. O medo, por exemplo, da invasão da privacidade, da censura, da intimidação, etc. Outro exemplo seria o da aberrante ideia de criar uma espécie de “entidade reguladora dos weblogs”, ideia ridícula e atentatória do bom senso, à semelhança do ódio que a indústria musical manifestou, manifesta, manifestará contra a divulgação de música pela Internet. Abro um parêntesis: ainda hoje, ao descobrir os Le Partisan no Desmancha-Prazeres, dei graças à Internet por me ter possibilitado tal descoberta. Não dou graças algumas é a entidades reguladoras da liberdade de expressão. E nem me venham com defesas do bom-nome e da honra, quase sempre pretextos para impedir as vozes inconvenientes e descarriladas de serem incómodas. Nem que seja apenas quando manifestam estupefacção perante as mais elementares contradições dos cabeçudos bem pensantes.
3 Comments:
No contexto da campanha eleitoral francesa confrontaram-se dois medos, que um filosofo francês classificou em duas categorias: um medo "primitivo" essencialmente relacionado com o "outro de mau pressagio", e o medo do medo ou medo "derivado" consequência do medo primitivo. Obviamente na pessoa de Nicolas sarkozy foi o medo primitivo que ganhou as eleições; pouco a pouco as nossas "civilizadas" sociedades vão-se organizando segundo uma ordem extremamente sofisticada de medos...
Para além dessa referência ao Expresso, que não consegui confirmar, não conheço notícias de utilização de drones para "controlar manifestações", como D. Oliveira escreveu. A única notícia que encontrei na imprensa francesa referia-se à possibilidade de utilização *futura* de drones nesse contexto. Quando muito seria para *vigiar* manifestações, o que me parece razoável, sabendo-se que em França elas são recorrentemente infiltradas por grupos criminosos que causam distúrbios e danos materiais.
Tenho medo, admito-o: tenho medo dos medrosos.
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