A casa das musas #6
Após homenagear A MUSA no último post, este pequeno museu ganhou uma dimensão dramática à qual dou continuidade, ao trazer mais uma forte voz, mas na linha da minha atracção um pouco “tarada” por tudo o que é hispânico que tenho aqui revelado: desta vez escolhi a argentina Mercedes Sosa a interpretar Alfonsina y el mar, um sublime momento de simbiose entre poesia e música fundidas no profundo timbre grave feminino desta senhora. Esta canção é uma homenagem à poetisa argentina Alfonsina Storni, nascida em Lugano na Suíça em 1892 e que se suicidou no Mar del Plata na madrugada de 25 de Outubro de 1938. Alfonsina tinha cancro desde 1935 e estando em fase terminal apenas a morfina lhe permitia aguentar as dores tendo optado por terminar com sua agonia atirando-se ao mar, mas despediu-se do seu país publicando no jornal La Nación, pouco antes do seu suicídio, este poema:
VOY A DORMIR
Dientes de flores, cofia de rocío,
manos de hierbas, tú, nodriza fina,
tenme prestas las sábanas terrosas
y el edredón de musgos escardados.
Voy a dormir, nodriza mía, acuéstame.
Ponme una lámpara a la cabecera;
una constelación; la que te guste;
todas son buenas; bájala un poquito.
Déjame sola: oyes romper los brotes...
te acuna un pie celeste desde arriba
y un pájaro te traza unos compases
para que olvides... Gracias. Ah, un encargo:
si él llama nuevamente por teléfono
le dices que no insista, que he salido...
Alfonsina Storni
Fiquem com a música de Ariel Ramirez e as palavras de Félix Luna na dramática e escura voz de Mercedes Sosa: «Sabe Dios qué angustia te acompañó / qué dolores viejos calló tu voz / para recostarte arrullada en el canto / de las caracolas marinas / la canción que canta en el fondo oscuro del mar / la caracola. / Te vas Alfonsina con tu soledad / ¿qué poemas nuevos fuiste a buscar?»
Maria João
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