O CABRÃO
Por mim me inclino com minha fronte
imaterial
flores que em volta me coroam até
ao ombro
até à simples alma de uma razão rasteira
de me saber cornudo, de topar
os rastos duma foda alheia
que o século me deu decifrada e cheia
de risadas de gozo.
Por essas ruas vou
cabelo ao vento
que o chapéu já me pesa na galhada testa
e vejo as árvores, os lugares de espanto
e a raiva vicejada no escuro dum quarto
De punhetas me tenho de enfeitar
pois já cona não tenho (ou tenho em falso).
Aos deuses eu empresto
meu funesto perfil
p’ra que saibam tecer
seus próprios fastos.
E se touro já sou
minotauro me quero
para vingar a sorte
de um fodido destino.
in “O armário de Midas”
Nicolau Saião
2 Comments:
nunca tinha lido nada do ns, vou ler agora.
Rui Costa
Rui, acredita que nem sabes o que tens andado a perder. Vais ficar fã, podes crer.
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