E sento-me, feliz da vida na esplanada quase deserta.
Espero os ventos do sul os musgos do norte o sol de um pouco à esquerda do sudeste.
Talvez relinche como uma estrela fogosa talvez chame o criado e fique mudo.
Talvez, quem sabe, me espante um bom bocado chapéu de feltro cinzento na cabeça dócil e omnipresente.
Que pergunta, interrogo-me perplexo fiz a mim mesmo há pedacinho?
As árvores Não as que vi em criança umas de roda do luar espelhado no pequeno tanque outras em dia de mortos aparecendo desaparecendo como presenças incertas Não as árvores de repente ternas como sementes remotas como pedras
Mas as que gravitam em torno de nós aflitas
silenciosas como um pensamento.
Nas arribas do Cabo Espichel aí pela manhã um tipo pensativo põe-se a recordar os tempos dilectos da juventude quando trabalhava com o velho Indalécio o carpinteiro tisnado de camisas de algodão E ambos galhofavam serenamente um em frente do outro, de pés em cima da mesa
na sala traseira da vetusta lojeca atestada de móveis como dantes se faziam perto do farol do arquipélago das Berlengas.
“Quando o vento acalmava, rapariga a morte e a doença à porta não chegavam à porta não chegavam, digo-te eu minha garota, minha garota bela!”
Indalécio, rei das cadeiras e das mesas o das camisas baratas de algodão...
Colete, calça e paletó e às vezes uma rosa na mão direita - mas não como se fôsse um troféu.
E tudo sem palavras, sem um gesto sem sequer uma canção que vem de longe que vem de muito longe e ressoa.
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