BIG ODE #4
Recebi hoje o n.º 4 da revista Big Ode: número temático, em «formato de paisagem, para acolher a grande cidade», como afirma Rodrigo Miragaia no editorial. O aspecto gráfico mantém-se impecável, sendo que podemos já considerar característica inerente à edição a experimentação de diversos feitios. O tema escolhido para este número foi a Urbe, tema vasto que conta com colaborações provenientes de várias cidades, de norte a sul do país, entre outras além das fronteiras nacionais. Participam Vítor Vicente, eu próprio, Reed Altemus (EUA), João Concha, Arturo Accio (México), Constança Lucas (Brasil), Avelino Araújo, Tiago A. da Veiga, Alice & Castorp, Ana Luísa Cruz, Anónimo (Feickert Wasco), João Pereira de Matos, Hilda Paz (Argentina), Fernando Aguiar, Fernando Dinis, Artur Aleixo, Sandra Guerreiro Dias, Nuno Milagre, Paulo Ferreira, Amadeu Baptista, Eurico Lino do Vale, Manuel A. Domingos, Luís Ene, Ana Marques da Silva, Klaus Peter Dencker (Alemanha), Maria João Lopes Fernandes, Fernando Esteves Pinto, Virgílio Vieira Tebas, Mário Pereira, Ângelo Mazzuchelli (Brasil), Nuno Luz, Raquel Coelho & Sara Franco, Oscar Mourave (Brasil), Francisco Carrola, Sara Monteiro, Hugo Pontes, Mário Calado Pedro & Cristóvão Crespo, Mrmito, Rui Costa, Margem d’Arte, Rui Carlos Souto, Miguel Jimenez, Rodrigo Miragaia, Rui Effe, Sara Rocio, Luc Fierens (Bélgica), Rute Mota e Clemente Padín (Uruguai). Apesar do conjunto de vozes ser amplo, este é, até à data, o número mais equilibrado da Big Ode. Os trabalhos possuem, na generalidade, uma qualidade bastante apreciável, sejam eles em verso ou em prosa, enveredem pela pura experimentação ou assumam uma inclinação mais convencional. Podemos encontrar poemas visuais, pequenas histórias, poemas em prosa e em verso, composições fotográficas, imagens em contextos muito variados. Gostei de ser surpreendido pela opção do manuel a. domingos, que, não deixando as palavras de fora, preferiu, desta feita, velá-las no fundo negro de três belas fotografias. Não conhecia a poesia visual de Klaus Peter Denker (n. 1941) que, entretanto, fui espreitar melhor em algumas imagens disponíveis na net. Vale muito a pena olhar com mais atenção os seus poemas, redescobrindo neles, aqui e acolá, as coordenadas de um surrealismo mais vivo do que por vezes se julga. Por fim, gostei muito da composição de Angelo Mazzuchelli. Partindo dos pontos brancos nas peças de um dominó negro, o autor constrói um mapa onde nos é dada a ver a distribuição da energia eléctrica no mundo. A última imagem é especialmente interessante, na medida em que perspectiva nesse mesmo mapa, agora transformado num fragmento globular, a escuridão do continente africano em contraste com os pontos luminosos da nossa galáxia. Se na origem desta manipulação o que está em jogo é a luz, no final, não deixando de estar em jogo essa mesma luz, o que termina destacado é a ausência da mesma, ou seja, a escuridão de uma parte da Terra. Dizer ainda que este número da Big Ode completa-se com uma biografia de António Marques da Silva, por Helena Carvalho, e uma entrevista a Isabel Ribeiro, uma das fundadoras do Salão Olímpico, espaço alternativo de exposições de arte contemporânea na cidade do Porto.
Adenda: Klaus Peter Denker já tinha colaborado anteriormente com a Big Ode. Curioso que lhe tenha prestado mais atenção agora.
3 Comments:
Olá companheiro. Obrigado pelas considerações, que vamos seguindo com o maior interesse. Deixo só um apontamento porque, o facto de ser temático é também uma característica da revista, dai o nome da própria revista. Abraço. RM
ainda nao se bê pelo nuorte... :(
´Ka: chega ao norte no fim deste mês!
Maria João
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