27.4.08

DOIS PANFLETOS ANTIAMERICANOS

Acabei agora mesmo de assistir a mais dois panfletos antiamericanos made in América. O primeiro, do reincidente Michael Moore, aborda o sistema de saúde norte-americano comparando-o com os sistemas públicos canadiano, francês, inglês e cubano. Confesso: sou fã incondicional de Moore. Certo que é cínico, do mais cínico que pode haver, mas nunca lhe vi um documentário que não fosse bem fundamentado, dinâmico, provocador, inquietante. Os inimigos do nosso SNS, os mesmos que pretendem colocar a nossa saúde nos tentáculos de seguradoras e indústria farmacêutica, entidades cujo interesse se resume a um lucro sem qualquer perspectiva humanitária, têm aqui um excelente exemplo do que pode esperar quem não seja amigo do amigo do amigo do amigo.

O segundo panfleto, da autoria de Brian de Palma, intitula-se Redacted. Fazendo uso das novas tecnologias da informação, de Palma conta-nos neste filme a história de um pelotão de soldados norte-americanos estacionado num posto de controlo algures no Iraque. Baseado em factos reais, esta espécie de reconstituição dos acontecimentos é muito elucidativa quanto ao sucesso da intervenção americana no território iraquiano: corpos decepados, crianças esventradas, mulheres carbonizadas. Em terminologia militar, chamam-lhes danos colaterais. O que de Palma mostra no seu filme é o que está disponível em vários canais de comunicação on-line mas escapa à informação dos mass media convencionais, fazendo-nos pensar, questionar, meditar, não só sobre os aspectos mais bárbaros duma guerra mas também sobre a hipocrisia latente que dá forma ao modo como essa mesma guerra é abordada junto das populações.