COMO FOLHAS DE CAEIRO
Se o destino quisesse que eu me tivesse feito escritor,
teria posto a minha mão direita contemplando o impossível da
minha mão esquerda, e as duas servindo ao sonho de eu
não estar aqui, mas outro homem com caneta escrevendo
a vida desse deus que podia ter cabido em meu lugar
só para sonhar homens de mais serventia para o alto.
Se o destino escrevesse direito, como o crer dos crentes, nas
linhas vesgas que hoje me desfiguram as mãos com rios
imperfeitos ou erros da gramática, fingindo a cura das almas
renitentes e de todas as faltas de sentido com palavras como
sol, destino, deus, rios, palavras, então eu abriria as mãos
para te mostrar
como rouba a vida tudo quanto fica escrito.
Rui Costa
5 Comments:
Gostei deste poema, mas o Alcides não deve gostar.
:)
Maria João
belo.
olá, o alcides buzina e rocka.
Rui Costa
Este comentário foi removido pelo autor.
Mesmo no descontentamento do acto de escrever ou do registo das linhas curadas à força de tanto as querer nossas, quem me dera poder escrever de forma tão simples e desprendida de vaidade e ainda assim ser tão profundamente e genuinamente poeta.
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