PREFÁCIOS
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«Tenho entre mãos um dos clássicos da literatura do século XX, Rayuela, palavra que no original significa «jogo da macaca», texto poderoso assinado por Julio Cortázar e traduzido (só) agora em Portugal pela Cavalo de Ferro.Olho para a capa e concluo que é uma belíssima capa. Olho-a outra vez e leio: «Prefácio de José Luís Peixoto». Morre-se-me o entusiasmo. O que tem o crochet e o sentimentalismo pacóvio de Peixoto que ver com o experimentalismo e o rigor de Cortázar?
9 Comments:
o peixoto não tem nada de nada a ver com o cortázar.
e pensar que um livro dele "precisa" de um prefácio de do peixoto provoca-me muita muita comichão.
peixoto, peixoto! peixoto! peixoto! ronaldo, ronaldo! peixoto! portugal! portugal! portugal! portugal! portugal! escólari! peixoto! peixoto! portugal! portugali! portugal! portugal! peixoto!
Lebre, nem era preciso ter. O livro é o livro é o livro.
Anónimo, o César Peixoto não foi convocado.
eu sei que o livro é o livro é o livro, mas olha que não o pareceu ser para os editores.
e isso irrita-me.
Pois não. E é pena. A Cavelo de Ferro tem publicado livros muito bons com edições muito bonitos. Não precisava nada de socorrer-se da Floribela da ficção portuguesa.
não vejo as coisas de forma tão extrema. muito menos acho justa esta visão anti-peixoto - só porque está num "mainstream" da ficção portuguesa.
Não há qualquer extremismo e o L está a extrapolar, talvez porque aprecie os escritos do JLP. Há outros escritores no "mainstream", ou lá o que isso seja, que não me mereceriam a mesma opinião. Mas os escritos do Peixoto, e a própria figura do autor, são bastante enjoados. Já agora leia-se o post de onde a citação foi cortada para que se fique com uma ideia do (dispensável) prefácio.
«A fim de lutar contra o pragmatismo e contra a horrível tendência a prosseguir fins úteis, propunha o meu primo mais velho que se arrancasse um cabelo da cabeça, se fizesse um nó a meio e se o deixasse cair suavemente pelo buraco do lavatório. Se o cabelo se prender no ralo que costuma existir nos ditos buracos, bastará abrir a torneira para que se perca de vista. Sem desperdiçar um segundo, há que iniciar a tarefa de recuperação do cabelo. A primeira operação reduz-se a desmontar o sifão do lavabo para ver se o cabelo se não prendeu nalguma das rugosidades do cano. Se não se achar, há que pôr a descoberto o pedaço de cano que vai do sifão à tubagem de escoamento principal. Claro que este é um local quer está cheio de cabelos e será necessária a ajuda do resto da família para os examinar um a um, à procura do que tem o nó. […]» (Cortázar, o próprio, nos idos de 1962, sobre o pragmatismo, com a ajuda de Alfacinha da Silva, o tradutor, em edição da Estampa de Histórias de Cronópios e de Famas, lá pela página 37.)
Ah! Eu tenho esse livro. É muito bom.
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