VENI!
Penso naquela que me salvará
gentilmente como se faz de barco
um barco que aparece no sapato
os operários tiram das palmilhas placas de vidro
ainda quentes do caminho que levava o balão
directamente ao forno oh sim a nobre sociedade reúne-se todos
os dias debaixo do fumo
temos de que alegrar-nos vem tudo ainda muito amarrotado
cheio de nós
o leme inchado estala tal como a vizinha do porta-moedas
ela é que vai salvar-me das suas meias
às quais me fixo como um cabelo molhado
já tenho um presente para ela: a côdea em vez do tacho
apoiar certo o tacho sobre o ombro e cavalgar cavalgar
a que me salvará terá um dínamo no seu vestido
a remexer-lhe discretamente os lábios
nas costas um moinho de vento que dissolverá rapidamente
as crianças não desejáveis verdade é que
não convém pôr muita folha na piscina
chupo-lhe o dedo creio que não será a verga dela
fito-a discretamente no rosto:
neste momento uma pedra desprende-se
e rola rola como o tamanco do guarda
salto-lhe em cima: que trazes tu para aqui senão
um arpão
arrastado na lama duma meia-noite qualquer?
salto-lhe para a cabeça e ilumino a navalha de barba
antes que ela me corte o pão todo
cortarei eu a moto do burgomestre na presença
dele
ela cola-me aos seus pequenos seios ela amolga as minhas orelhinhas
sigo-a no cadafalso onde havemos de suplicar livros
e nas piscinas roubar velhotas
realmente não há nada a que se jogue
Tradução de Mário Cesariny
gentilmente como se faz de barco
um barco que aparece no sapato
os operários tiram das palmilhas placas de vidro
ainda quentes do caminho que levava o balão
directamente ao forno oh sim a nobre sociedade reúne-se todos
os dias debaixo do fumo
temos de que alegrar-nos vem tudo ainda muito amarrotado
cheio de nós
o leme inchado estala tal como a vizinha do porta-moedas
ela é que vai salvar-me das suas meias
às quais me fixo como um cabelo molhado
já tenho um presente para ela: a côdea em vez do tacho
apoiar certo o tacho sobre o ombro e cavalgar cavalgar
a que me salvará terá um dínamo no seu vestido
a remexer-lhe discretamente os lábios
nas costas um moinho de vento que dissolverá rapidamente
as crianças não desejáveis verdade é que
não convém pôr muita folha na piscina
chupo-lhe o dedo creio que não será a verga dela
fito-a discretamente no rosto:
neste momento uma pedra desprende-se
e rola rola como o tamanco do guarda
salto-lhe em cima: que trazes tu para aqui senão
um arpão
arrastado na lama duma meia-noite qualquer?
salto-lhe para a cabeça e ilumino a navalha de barba
antes que ela me corte o pão todo
cortarei eu a moto do burgomestre na presença
dele
ela cola-me aos seus pequenos seios ela amolga as minhas orelhinhas
sigo-a no cadafalso onde havemos de suplicar livros
e nas piscinas roubar velhotas
realmente não há nada a que se jogue
Tradução de Mário Cesariny
Pavel Řezníček nasceu a 30 de Janeiro de 1942 em Blansko, na República Checa. Escritor autodidacta, pertencente ao grupo de surrealistas na Checoslováquia, traduziu, entre outros, Joyce Mansour, Ambroise Vollard e Benjamin Péret. Publicou vários livros de poesia e de prosa.
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