Fragmento #73 – O pós-feminismo
Ontem passei pela melhor livraria do mundo, onde adquiri várias iguarias e tive uma conversa animada sobre assuntos femininos; o Sr. Livreiro queixou-se das feministas, com muita razão, algumas são umas verdadeiras chatas e surpreendeu-me porque tem uma perspectiva muito positiva do mundo pós-feminista. Eu admiro homens feministas no bom sentido como Rainer Maria Rilke, que a 14 de Maio de 1904 escreveu:
“As raparigas e as mulheres, na sua evolução, só temporariamente imitarão as modas masculinas, só temporariamente exercerão as profissões dos homens. Logo que acabem estes períodos incertos de transição, ver-se-á que as mulheres se prestaram a estas mascaradas, muitas vezes ridículas, apenas para extirpar da sua natureza as influências deformantes do outro sexo. A mulher, que uma vida mais espontânea, mais fecunda, mais confiante habita, está sem dúvida mais perto do humano do que o homem – o macho pretensioso e impaciente que ignora o valor do que julga amar por não estar preso às profundidades da vida, como a mulher, pelo fruto das suas entranhas. Esta humanidade, que na dor e na humilhação amadurece a mulher, virá à superfície quando esta quebrar as cadeias da sua condição social. Um dia (sinais certos o atestam já nos países nórdicos), a rapariga existirá, a mulher existirá. E estas palavras: “rapariga”, “mulher”, não significarão somente o contrário de “homem”, mas qualquer coisa de pessoal, valendo por si mesma; não apenas um complemento, mas uma forma completa de vida: a mulher na sua verdadeira humanidade.”
In “ Cartas a um jovem poeta”, Ed. Contexto, Lisboa 1994, p-73
Maria João
“As raparigas e as mulheres, na sua evolução, só temporariamente imitarão as modas masculinas, só temporariamente exercerão as profissões dos homens. Logo que acabem estes períodos incertos de transição, ver-se-á que as mulheres se prestaram a estas mascaradas, muitas vezes ridículas, apenas para extirpar da sua natureza as influências deformantes do outro sexo. A mulher, que uma vida mais espontânea, mais fecunda, mais confiante habita, está sem dúvida mais perto do humano do que o homem – o macho pretensioso e impaciente que ignora o valor do que julga amar por não estar preso às profundidades da vida, como a mulher, pelo fruto das suas entranhas. Esta humanidade, que na dor e na humilhação amadurece a mulher, virá à superfície quando esta quebrar as cadeias da sua condição social. Um dia (sinais certos o atestam já nos países nórdicos), a rapariga existirá, a mulher existirá. E estas palavras: “rapariga”, “mulher”, não significarão somente o contrário de “homem”, mas qualquer coisa de pessoal, valendo por si mesma; não apenas um complemento, mas uma forma completa de vida: a mulher na sua verdadeira humanidade.”
In “ Cartas a um jovem poeta”, Ed. Contexto, Lisboa 1994, p-73
Maria João
9 Comments:
ola
A relatividade das coisas é de facto surpreendente. Não duvidando da psotagem, gostaria apenas de levantar algumas questoes que me parecem importantes. Porque razão se insiste na comemoração do dia da mulher, e outros semelhantes? O dia da mulher não será todos os dias? Será algum tipo de complexo de inferioridade residual? Assim como a obrigatoriedade de uma percentagem de mulheres nos cargos governativos? Não devriam tais cargos ser ocupados de acordo com a competência? Enfim, nos dias que correm, essas ideias não parecem nada ajustadas.
olá anónimo
o mundo seria melhor se os cargos fossem ocupados de acordo com a competência de facto, o que nem sempre acontece e se houverem mais mulheres competentes a ocupá-los, acredito que o mundo ainda será melhor. Tradicionalmente, a mulher não tem a vida social tão facilitada como o homem, algo que a meu ver está a mudar, também porque os homens têm mudado muito neste sentido. As mulheres conquistaram direitos legais que não tinham no passado, mas em termos práticos as leis nem sempre se aplicam, infelizmente. No entanto, sou uma optimista em relação a estas questões, tanto as mulher como os homens são mais livres na sociedade actual e gradualmente muitos padrões e convenções atrofiantes estão a desaparecer.
Maria João
so mais uma coisinha, maria joao:
nao digas que isto ou aquilo é melhor do mundo (disseste da poesia incompleta).
é que o chefe nao gosta e pode despedir-te.
Qual chefe? Eu não vivo com esses atrofios, sou livre, digo e escrevo o que entender, ó cobardolas que nem tens coragens para dar a cara!
Maria João
Ola de novo M.J.
No geral concordo com quase tudo, porém há uma coisinha que acho um pouco forçada e parcial: não me parece que se os mais competentes fossem mulheres, que tudo andasse melhor. Acho simplesmente que se fossem escolhidos os mais competentes, tdo andaria melhor. Isso sim... Homem e mulher são animais com características diferentes, e há bons e maus em ambos os lados.
L.
Ah, só mais uma coisa
O anónimo que disse "so mais uma coisinha" nao sou eu, ok? Nada de confusões
L.
Bem, eu nao sou o anonimo que falou aquelas coisa do "chefe....", enfim...
Nada de confusões, ok?
L.
Olá L,
Tens razão, existem bons e maus em ambos os sexos.
Maria João
Maria João, sinto que comungas algo comigo. O etanol diz me k sim...Penso que ja entendeste que sou tb um apreciador dum certo liquido...
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