TRISTE MA NON TROPPO
Luís Nunes, do Lugares Mal Situados, merece um prémio pelo parágrafo que acima se reproduz. Com aquele parágrafo ele consegue escarrapachar tudo o que eu odeio neste meio, do tom pedante e presunçoso do discurso à estúpida suposição de que é possível esperar mais de um weblog do que um gesto diário de inscrição existencial. Vejamos, até hoje nenhum blog excepto o de Luís Nunes se referiu à morte do poeta Grigore Vieru. Parabéns, pois, ao Luís Nunes. Foguetes sejam lançados. Ele fez algo que mais ninguém fez. Incrível, maravilhoso, estupendo. Ao referir-se à morte de Grigore Vieru merecia uma condecoração do PR na próxima edição do dia da raça. Mas Nunes não se fica por denunciar a negligência dos outros e chamar a atenção para a sua estimável prestação, ele vai ao ponto de apontar o dedo aos “tais intelectuais da blogosfera”. Mas quem são os tais? Podemos saber? Os tais podem ser muitos e muitos podem ser ninguém. Era bom que dissesse a que tais se refere. Era, no mínimo, exuberante que o fizesse. O meio gosta de sangue, mesmo quando o pretexto é a morte de um poeta. Temos uma pista: são “senhores que escrevem vinte posts por dia, em que nos dizem que são muito inteligentes e que lêem bastante e que têm o dom da palavra”, etc., etc., etc. Só defeitos: escrever vinte posts por dia, dizer-se inteligente, ler bastante e ter o dom da palavra. O que me obstaculiza a suspeição é a referência àquele dizer-se muito inteligente, pois não vejo quem o faça neste meio e já ando por aqui há 5 anos. Quer dizer, com este parágrafo Luís Nunes não faz outra coisa acerca de si próprio. No fundo, ele diz-se mais atento que os outros, mais inteligente que os outros, ele quer dizer que não vive do aparato nem de luzes, ele quer referir que não alimenta o seu ego “com isso”, ele quer dizer que só ele se lembrou de sublinhar a morte do poeta Grigore Vieru. Campeão. Eu pensava que um weblog era um diário pessoal aberto ao mundo, pensava que era um lugar de partilha onde o pensamento podia abrir-se ao mundo. Não sabia que era um lugar de obrigações nem um cardápio de obituários. Cuidado, bloggers deste mundo, estejam atentos a quem morre por aí. Não se esqueçam nunca de, pelo menos, fazerem uma referenciazita nos vossos diários a todos os mortos deste e de outros mundos, mesmo que sejam mortos que pouco ou nada vos digam, botem uma fotografia, datas, escrevam poemas, elegias, busquem na wikipédia dados biográficos. Um morto que nada vos diga pode subitamente transformar-se num morto que sempre vos disse muito. A este propósito, reproduzo um pequeno post que escrevi há um mês: «Todos os dias morrem pessoas à nossa volta. Outras não morrem mas é como se morressem. Todos os dias, à nossa volta, se cometem crimes horrendos contra gente indefesa, frágil. Quando morre um escritor, um músico, um cineasta, alguém das artes que admiramos, que admiramos com a proximidade da distância que existe entre o artista e a assistência, a gente lamenta muito. Citam-se os autores, mostram-se fotografias, fazem-se homenagens, por vezes, pelo menos é o que aparenta, sem se saber minimamente quem se está a elogiar. Foi um criador. Os criadores criam. Deixam coisas no mundo quando morrem. E todos os dias morrem pessoas à nossa volta». Não faríamos outra coisa senão citar óbitos se, de ora em diante, nos víssemos na obrigação de referir a morte de alguém só por esse alguém ter deixado qualquer coisa no mundo para ser lembrada. Lamentável entrar assim pelo mais íntimo dos territórios, ou seja, o território dos mortos que nos apetece lembrar, os que nos dizem algo para lá da distracção com que vamos nós próprios morrendo. Algo de bom naquele parágrafo: Luís Nunes a gente já conhece. Falta-nos agora conhecer Grigore Vieru.
26 Comments:
vieru? o que joga na atalanta?
a si também já o vamos conhecendo caro henrique. e a mim, como já fez com outros, poderá dizer que gosto das luzes da ribalta e adjectivar-me, sem sequer me conhecer. e caro henrique se há aqui alguém inteligente será você. eu, honestamente, sou bastante leigo e modesto. mas deverá ter sido a religião que lhe fez comichão. são alergias.grande abraço. e mais não digo mas sou contra.
Comichão só tenho nas virilhas e entre os dedos dos pés. Micoses antigas. Não o conheço nem faço contas disso. Limito-me a expor impressões. O mais que posso fazer é adjectivar textos, embora cite sempre os seus autores. Não falo de pessoas em abstracto para não ser acusado de falta de objectividade. Gosto de dizer o que penso, assinando-o com o meu nome, dou a cara pelo que faço. Desprezo quem o faça pelas costas ou anonimamente. Estou farto de gente que se refere a outros sem ser claro sobre quem sejam esses outros. Bem sei que vivo num país de metafísicos, mas um pouco mais de corpo não trazia mal ao mundo. O seu parágrafo é genial na mesquinhez inerente ao texto. Quanto à sua pessoa, nada me interessa para lá do que escreva. A sua e a da imensa maioria das pessoas que escrevem e se expõem neste meio.
mesquinho, na minha opinião, é quem escreve coisas deste género:
"Ente, o teu comentário é completamente despropositado neste post. Ainda assim respondo-lhe, não quero que pensem que fujo ao assunto. Aceitei participar nesta antologia, como nas outras, sem perguntar quem nela participaria. Nem perguntaria, pois colaboro em projectos colectivos como quem entra num bar desconhecido: não escolho as pessoas que lá estão. Sei de pessoas que fazem exigências. Eu não. Mais afirmo que aprecio todos os projectos colectivos, sejam eles mais ou menos razoáveis do ponto de vista estético. Não lhes chamo fantochadas, embora seja apreciador do teatro de fantoches. Quanto ao Nené, não o conheço pessoalmente. Não simpatizo com o que sei dele através dos weblogs e de pessoas que o conhecem ou conheceram. Parece-me um tipo bajulador, arrivista e palerma. Os poemas que lhe li são maus, mas aceito que haja quem discorde e jamais tomarei as minhas leituras por “éditos da Inquisição”."
estou a referir-me, obviamente a si. mais,não conheço o tiago néné, não sei se gosta de luzes ou se é bajulador, mas até poderia ser e quanto ao henrique até poderia se referir ao cão da vizinha do lado ou a erecção do papa, é-me indiferente, já esta mesquinhez vinda de si, desiludiu-me bastante mas começo a perceber algumas coisas deste meio.
no tal post eu disse mais: aproveito, também, para fazer referência à vida de João Aguardela, com quem cresci a ouvir e com quem troquei duas ou três tímidas palavras. João foi fundador em 1987 dos Sitiados, de que recordo uma letra em que nos dizia: lá em França há um senhor que por acaso nem é doutor, ele não sabe nem acredita que só com tias não se fazem boas famílias. mas devia, lá em França como cá, só com tias se fazem boas famílias.
e não caro henrique não teria de fazer referência à morte deste poeta.a questão é que neste mundo da blogosfera, o que vejo é gente que troca elogios e faz referência aos seus amigos do meio. olhe faça isso com eles.trocar elogios, é tão bonito! e obviamente só vemos aquilo que quisermos. por exemplo na sua crítica no volumen vejo até criar génios em portugal, ignorado outros,e só falo obviamente do que conheço e li. por isso, digo-lhe agora, quando escrevi o post não me referia a si, mas fica-lhe bem a roupagem, agora mais ainda. como vê também sei ser mais que vago. gosto de muita coisa neste espaço e há muita que também não gosto. mas guardarei para mim. tantas vezes o silêncio é tão mais enriquecedor.
quanto a mim ainda bem que já me conhece, e não me é relevante conhecer a sua pessoa, não durmo melhor nem pior por isso, cumprimentos.
Informo toda a gente que sei de um poeta da Groenelândia que está muito mal, entre a vida e a morte e garanto que serei eu o primeiro, antes de toda a blogosfera mundial a dar a notícia da sua morte. É obvio que não digo o nome do conceituado poeta porque me arrisco a que o Nunes me roube a pole-posicion em mais esta etapa do campeonato mundial de rapidez nas notícias da morte de poetas desconhecidos.
Henrique: eu cá às vezes tenho comichão atrás das orelhas, mas um bocadinho de betadine ou de halibute resolve a questão.
se te identificasses até te coçava. beijinho. etá criado o espectáculo que o henrique gosta. divirtam-se.
ca ganda molho de bróculo que praqui vai
Tome lá então mais um número para o espectáculo de que eu gosto. Se o tema se chama Nené, terei todo o gosto em responder-lhe (ao contrário do que fiz ao próprio Nené, que no passado dia 16 me escreveu um e-mail pedindo-me explicações e explicando-se sobre o comentário que o Luís Nunes, com excelente memória para comentários, agora reproduz). Já agora, o e-mail do Tiago termina assim: Um grande abraço e continua o bom trabalho no Insónia e, se possível, sem ataques pessoais. Desconfio que a única parte que careça de explicação seja esta: «Quanto ao Nené, não o conheço pessoalmente. Não simpatizo com o que sei dele através dos weblogs e de pessoas que o conhecem ou conheceram. Parece-me um tipo bajulador, arrivista e palerma. Os poemas que lhe li são maus, mas aceito que haja quem discorde e jamais tomarei as minhas leituras por “éditos da Inquisição”».
Antes da explicação, repare o Luís Nunes como podia ter chamado mesquinho a esse comentário quando o leu. Por que não o fez? Porquê só agora, quando me refiro a um texto seu? Isto diz alguma coisa acerca do carácter das pessoas, ou não? Isto diz algo acerca dos momentos que são mais ou menos convenientes para dizermos o que pensamos. Repare que ao fazê-lo agora você deixa a impressão de que apenas o faz porque eu me referi a um texto seu. Não me tivesse referido negativamente a um texto seu e eu até poderia ser o mais porreiro dos tipos.
Ainda antes de me explicar acerca do comentário sobre o Nené, deixe-me referir-lhe que, mais uma vez, quando você afirma que «neste mundo da blogosfera, o que vejo é gente que troca elogios e faz referência aos seus amigos do meio», mais uma vez, dizia, você não concretiza nada. Diga-me lá quem são os tipos que você vê a trocarem elogios e a fazerem referências aos seus amigos do meio. Eu não serei, pois está visto, pelo comentário acima reproduzido e pelo post que o aqui traz, que não ando nisto propriamente para trocar galhardetes.
Depois vêm-me com o Volumen. Primeiro erro: fala em crítica. Aquilo são leituras de livros, é um acto de partilha. Estou fartinho de dizer que não interpreto aquilo como crítica, nem a sério nem a brincar. Só vê aquilo como crítica quem for pouco exigente com a crítica. Não tenho o poder de criar génios, mas tenho o poder de dizer o que penso e o que sinto. É isso que ali se faz. Mais nada. É verdade que há quem lhe chame crítica. Há coisa de um mês até recebi um convite do Hugo Torres para que aqueles textos também fossem publicados no Rascunho, um excelente portal com intenções de divulgação cultural. Eu não respondi ao convite porque, à época, estava doente. Quando voltei a reparar no mesmo achei que já não fazia sentido responder. De qualquer forma a resposta seria sempre negativa, pois não quero que aqueles textos sejam interpretados como críticas literárias. São meras impressões de quem lê e gosta de escrever sobre o que lê. Vem mal ao mundo por isso?
Vamos agora ao que eu disse sobre o Tiago Nené. Digo que não simpatizo com a figura por três razões: «Parece-me um tipo bajulador, arrivista e palerma». Isto é apenas o que ele me parece. Não tem que ser o que ele é, até porque tive o cuidado de referir no mesmo comentário que «aceito que haja quem discorde e jamais tomarei as minhas leituras por “éditos da Inquisição”».
Por que me parece bajulador? Porque no blog Texto-Al cada vez que fala de alguém fá-lo de uma forma que eu diria, para não dizer outra coisa, pouco exigente. Passo a citar: «um pianista fantástico» (Fernando Dinis), «grande tradutor de Charles Bukowski» (manuel a. domingos), «poeta fantástico» (Manuel Marques), «excelente pianista e escritor» (Fernando Dinis), «enorme pintor e nosso amigo» (Paulo Serra), «enorme poeta» (José Mário Silva), «uma das grandes poetas portuguesas» (Joana Serrado), «grande pianista e escritor português» (Fernando Dinis), «genialíssima poeta portuguesa» (Filipa Leal), «principal referência da micro-ficção em Portugal» (Luís Ene), «grande fotógrafa portuguesa» (Paula Rosa), etc., etc., etc… Os meus textos também só mereceram elogios do Tiago Nené, o que me deixa bastante desconfortável.
Por que me parece arrivista? Se não bastar esta facilidade de encontrar genialidade em todo o lado, lembro-me ainda da falta de decoro com que andou a empestar e-mails e caixas de comentários de weblogs com publicidade ao único livro que publicou até hoje: “Versos Nus” (Magna). O site oficial do “escritor Tiago Nené” também é revelador: http://www.tiagonene.pt.vu/. Assim como a sua página no hi5. Sobre si próprio diz: «Com o tempo fui conhecendo grandes autores da literatura mundial que me fizeram refinar o estilo»; « sou um grande leitor de poesia»; «considero que tive grandes mestres»; «considero que tenho um estilo diferente e, como disse, muito influenciado por aquilo que se faz lá fora»; «ser ambicioso faz parte da minha personalidade»… Enfim, comentários para quê?
Quanto à parte do palerma, remeto o Luís Nunes para uma entrevista à qual poderá ter acesso aqui: http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=79107. Duas passagens, que o texto vai longo: «Charles Bukowski, a quem "roubei" algum surrealismo e a capacidade de abrangência que ele tem para explorar temas improváveis, Kafka, na mesma linha...»; «O futuro da literatura portuguesa está em editoras como a Magna. Não tenho quaisquer dúvidas». Isto não revela palermice?
Encerro este capítulo agradecendo ao Tiago Nené todas as referências elogiosas que até hoje dirigiu ao meu trabalho, quer nos blogs em que participa, quer nas entrevistas que deu. Fico-lhe grato por isso, embora não seja isso um factor que vá influenciar a ideia que faço dele.
estou-me a rir que nem um perdido
Tou-me a rir que nem o ente lectual...
descobri isto: http://eusouextraordinario.weblog.com.pt/
Só mais este, ao Luís Nunes. Para que conste, o Luís chamou-me mesquinho: «mesquinho, na minha opinião, é quem escreve coisas deste género». Eu não lhe tinha chamado mesquinho, algo que não podia fazer pois não o conheço nem tenho nenhuma opinião formada a seu respeito. Por acaso, há dias telefonaram-me a perguntar se eu o conhecia. E a minha resposta foi «não faço a mínima ideia», nem sequer me lembrava dos blogs onde você escreve. Limitei-me, agora que passei por um deles, a referir-me a um parágrafo seu. E o que eu disse foi que «o seu parágrafo é genial na mesquinhez inerente ao texto». É o texto que é mesquinho, não quem o escreve. Portanto, é você quem adjectiva pessoas. Eu adjectivo textos. O mais que posso fazer é falar de pessoas a partir da impressão com que delas fico a partir do que escrevem e dizem. Algo que julgo ser perfeitamente natural.
Caro Henrique,
Creio que é a segunda vez (e em pouco tempo) que faço este tipo de intervenção num blogue teu.
1. Não vou comentar este post teu pois o Luís Nunes já disse tudo o que havia para dizer. Acrescento apenas que por vezes faltam temas aos bloggers e a quem precisa de escrever todos os dias. Isso reflecte-se na qualidade dos posts.
2. No mail que te mandei (e cito só a parte que tu colocas, uma vez que nunca revelo conversas privadas)pedi-te que que continuasses o bom trabalho no Insónia mas, e em especial, que não atacasses as pessoas do ponto de vista pessoal.
3. Por isso foi com espanto, mas também com muita tristeza (pois admiro algumas coisas que aqui fazes) que vi mais uma telenovela aqui.
4. Não gostei mt do facto de o Luís ter falado de mim para te responder, apesar de compreender.
5. E menos ainda gostei da tua resposta, por ser despropositada. Respondo-te:
6. Quanto a ser "bajulador", por gostar de ser simpático com as coisas de que gosto muito, creio que não faz grande sentido no contexto do que tem sido um blogue como o Texto-al. Não pretendemos escrever sobre livros como se fôssemos críticos, como tu fazes no Volumen. O texto-al é um grupo literário com pessoas que se conhecem e é natural adoptar-se um tom mais casual. Escrevo de forma mt subjectiva e com paixão. Que mal tem isso?
7. Fiquei verdadeiramente surpreendido por teres pesquisado coisas sobre mim. Por teres ido ao Hi5, a uma entrevista que dei...Nem sei como interpretar isso, principalmente porque não nos conhecemos.
8. O que disse na entrevista tem um contexto próprio e acredito em tudo o que lá está. És livre de não concordar. Aliás, preferia mil vezes que começasses a fazer posts a falar mal da minha poesia do que posts a falar do lado pessoal das pessoas como fizeste comigo e com o Luís Nunes. (quem será o próximo?
9. Gostava que este teu mau momento passasse depressa e te concentrasses no que de melhor sabes fazer. Este novo papel não te fica bem e, como se viu pela reacção do Luís Nunes ao que de mim disseste, não agrada.
10. O Ente Lectual e o Vítor riem-se. Não sou ingénuo e sei que há coisas que estão ligadas. Volto a dizer-te, Henrique: não deixes que se aproveitem de ti ao ponto de manchares a tua imagem na blogosfera.
11. Para todos: respeitem-se!
Tiago Nené
rio-me cada vez mais como um perdido
rio-me cada vez mais como um ente lectual
vítor, amigo, se quiseres festa é só dizer. Ando com vontades de polémica, de modo que até agradecia uma provocação directa da tua parte.
abraços e etc
Ente, fiquemo-nos pela sacra festa do risco ! :)
...quero dizer, do riso.
...dasss, isto de escrever, às escuras, antes de dormir,sim que é um risco prá cyber-dislexia.
Bom descanso! :)
oh, anda lá, só uma polemicazinha, vá lá, pode ser sobre a cor dos chinelos da minha tia em segundo grau, a sério, prometo que nos vamos divertir à grande
lol abraço
pimenta no cú dos outros é refresco
lol
O Henrique Fialho nao gosta dos poetas novos, já reparei. lembro-me de há uns anos se ter atirado ao j.reis-sá, a quem chamou "carinhosamente" de "escreditor" (autores que se autopublicam nas suas editoras). Também fala com desdém de vasco gato, etc (autores que são nomes feitos da nossa poesia...). (já agora, meio off-topic, tb nao gosta daqueles autores mais ousados...por exemplo o herberto helder a quem chama de "desinteressante")
no outro dia estranhei o bem que falou de um livro de uma autora nova....
mas depois pensei com os meus botões: este livro não é editado pela editora do amigo dele? o mesmo que também o publicou a ele? (já agora esse amigo dele tb é "escreditor", que ironia!)
hmmm...há coisas que têm um sentido meio escondido...mas ele encontra-se:)
para si, henrique: faça outra coisa nos dias das greves. Vá ao teatro, ao cinema, arranje uma namorada...Não tente comentar tudo e todos, não veja só os defeitos nos outros....talvez esse seja o seu maior defeito: o de não olhar para si.
não diria melhor ana
FGM
já sei que me vou sujar, mas depois de ler o comentário da Ana não posso ficar calado (principalmente a esta hora em que a azia me ataca em força e o inibidor da bomba de protões ainda não fez efeito).
do post em que o Henrique se refere a Jorge Reis-Sá posso falar: fui dos poucos a comentar o facto de o Henrique ter usado a expressão "escreditor", expressão que não gostei que ele empregasse. disse-lhe na altura em comentário assinado e com o perfil disponível. não me escondi atrás de um qualquer nome sem perfil disponível.
a Ana ou é imbecil ou é burra, pois saber ler aquilo que o Henrique escreve não consegue fazer. se há pessoa nesta merda de mundo dos blogues que dá atenção à poesia e aos poetas mais novos, essa pessoa é o Henrique. só que a sua voz ainda incomoda alguns, pois toda a gente pensa que é o próximo Pessoa ou Herberto Helder (que também considero desinteressante), mas depois o Henrique diz que talvez não seja bem assim (expressando a sua opinião de uma maneira honesta) e aqui del-rei! se o oposto acontecesse todos dirião: que grande leitura ele fez da minha poesia ou da poesia de fulano e sicrano!
outra coisa, cara Ana: o Henrique há muito que não deve fazer greve em dias que os professores fazem greve, pois há algum tempo que trabalha como livreiro. leia com mais atenção aquilo que o Henrique escreve. talvez chegue a outras conclusões.
e ainda outra coisa: conheço o Henrique pessoalmente, considero-o amigo, já escreveu sobre um livro meu (e não foi uma crítica literária, foi uma leitura! porra! é tão difícil de ver a diferença!?). agora a senhora pense o que quiser.
bom dia
sr manuel domingues: registo a sua opiniao de amigo do Henrique, mas eu só posso falar por aquilo que vejo. se ele faz muita coisa pelos jovens autores (e amigos dele) acho bom. uma coisa eu sei: posts como este põem-me os nervos em franja, posts como aqueles (e são vários, e juntando os comentários de gozo) em que parodiam o poeta j. reis sá idem (e vc aí esteve bem em puxar-lhe as orelhas), posts como aquele em que há uns dias ele chamou "passarola" a outro blogger idem, etc
Para sermos respeitados temos de respeitar, caramba! Acho que vc como amigo podia chamar à atenção para a maneira de ele estar no mundo.
se a literatura é um prazer para quê lutar contra ela em vez de lutarmos sempre a favor dela?
ainda bem que não sou escritora, arre! isto é um mundo de competição suja e infelizmente começa por vezes em blogues como este.
cara ana:
só mais uma coisa e por aqui me fico: admiro a maneira do Henrique estar no mundo. sempre que pode e consegue rejeita a canga que lhe querem por ao pescoço, coisa que muitos de nós não fazemos, ou porque estamos habituados ou porque não nos causa comichão.
nunca irei dizer ao Henrique para mudar a sua maneira de estar no mundo: todos os dias um pouco mais livre!
continuação de bom dia
Amigo manuel, agradeço os teus comentários. Dás-me oportunidade de esclarecer algumas questões cuja vontade seria nenhuma se tivesse que entrar em diálogo com sombras “nenesianas” (curiosamente gémeas de outras sombras que há tempos andaram a largar comentários estapafúrdicos no weblog do Sulscrito).
1 - A questão do “escreditor”: já tive oportunidade de explicar que não havia nem uma ponta de malícia no neologismo. Queria apenas referir-me a um escritor que também edita. No caso do Reis-Sá ambas as actividades são inseparáveis. Podia referir-me com o mesmo termo a gente cujo trabalho respeito imenso, alguns até já conheci pessoalmente e por outros tenho velhas relações de amizade: Nuno Moura fez-se publicar na saudosa Mariposa Azual, Paulo da Costa Domingos faz o mesmo na Frenesi, Manuel de Freitas na Averno, o grande Fernando Guerreiro na Black Sun, etc. Absolutamente nada contra. Mais informo que já tive oportunidade de esclarecer isso com o próprio Reis-Sá em resposta a um e-mail que ele me escreveu em Setembro de 2007. Jamais revelarei o conteúdo da conversa, pois prometi-lhe que ficaria em privado. Seja como for, para descanso das alminhas inquietas, devo informar que o próprio Jorge Reis-Sá me ofereceu o seu último livro de poesia – «Vou para Casa» - com dedicatória e tudo. Não aprecio o que ele escreve. E daí? Somos obrigados a gostar de tudo?
2 - Dizer que eu não gosto dos poetas novos é ridículo. Não mereceria defesa da tua parte não fosse o facto de tu saberes que eu não gosto dos novos nem dos velhos. Está á vista de todos. Eu detesto poetas. Gosto mesmo é de poemas. A minha voz não tem som, só incomoda uns peralvilhos que ficam muito chocados perante a autenticidade porque não sabem ser autênticos. O Volumen tem arquivados neste momento 211 posts sobre livros, na sua grande maioria de poesia. Falta transportar para lá outros tantos que publiquei em blogs anteriores ao Insónia. Muitos daqueles livros foram-me oferecidos pelos autores, outros pelos editores. Neste momento, por exemplo, ando a ler o «Comércio Tradicional» (Averno) do Vítor Nogueira, um livro que o autor teve a amabilidade de me enviar pelo correio. São estes gestos que guardarei na memória. É isso que incomoda os peralvilhos e estimula as sinapses de quem não sabe pensar para lá do próprio umbigo.
3 – Não vou ser fastidioso quanto à questão Herberto Helder, já disse o que tinha a dizer noutros posts (quem estiver interessado pode ler, se conseguir e souber ler, o que escrevi sobre «A Faca Não Corta o Fogo»: http://antologiadoesquecimento-leituras.blogspot.com/2008/11/faca-no-corta-o-fogo.html). Nunca na vida disse tratar-se de um poeta desinteressante (nem sei o que isso seja). Herberto é inquestionavelmente um dos mais importantes poetas portugueses da segunda metade do séc. XX. Que a poesia dele não me interesse tanto como a de outros é outra coisa bem diferente, que o folclore criado à volta do seu nome me irrita é outra ainda mais diferente. Um facto: em 2003 publiquei um livro intitulado «Antologia do esquecimento» que abre com uma epígrafe de Herberto. O meu respeito pela sua obra é absoluto. Tenho pena que venham para aqui, mais uma vez, chafurdar com o seu nome numa caixa de comentários a um post que era sobre um parágrafo, passou a ser sobre xexés e agora é sobre mim. Sobre o assunto do post, mais alguém tem alguma coisa a acrescentar? Não querem comentar o Confúcio? A Beth Gibbons? A candidatura do Costa? Tanto post para comentar e ficam-se por isto?
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