ONDAS
Não é preciso ler Lipovestsky para perceber que os movimentos de opinião vogam na crista das ondas que vão sendo geradas consoante as marés. Falar neste momento sobre Casanova garante um auditório imediato e momentâneo, o mesmo se aplicando a outros nomes que, sem culpa alguma no cartório, atraem as atenções como a praia atrai turistas. Herberto é sempre motivo de muita conversa e controvérsia, mais ainda se alguém se atrever a pôr em causa o seu estatuto faraónico (experimentem falar de Maria Gabriela Llansol e ninguém vos liga). Em tempos, acontecia o mesmo no mundo do humor português com Herman. Hoje, Ricardo Araújo Pereira centra as atenções. Ao falarmos dele, toda a gente tem uma opinião na ponta da língua, um insulto, se caso disso, uma acusação, se for preciso defender o bravo humorista de críticas menos abonatórias. Sempre garantiram audiência indivíduos como Pedro Mexia e Manuel de Freitas (inspiram opiniões controversas e atiçam os ódios mesquinhos no mundo dos neófitos literatos), José Luís Peixoto e Gonçalo M. Tavares, Miguel Esteves Cardoso, João Pereira Coutinho, etc. E houve a época, ainda antes dos blogs, em que Pedro Paixão andava nas bocas do mundo por tudo e mais alguma coisa. Cronistas, humoristas, escritores, políticos mediáticos, figuras públicas, vivem um constante Big Brother que os transforma em assunto por dá cá aquela palha. Cada qual tem o seu tempo. Depois, a coisa perde interesse. Se eu escrever um texto, um excelente texto, um óptimo texto, um texto perfeito, sobre a Metafísica de Aristóteles, poucos o comentarão. É verdade que é impossível eu escrever um texto perfeito sobre o que quer que seja. Falo em abstracto. Mas se eu escrever duas linhas sobre a onda do momento, é sucesso garantido nas furnas comentaristas. A vida é assim. No tempo de Pessoa não havia nada disto que há agora. Ainda bem. Caso contrário, imaginem só o que teríamos perdido.
16 Comments:
Prefiro pensar no que ganharíamos todos se guardasse as suas opiniões de costureirinha da Sé para si.
Anónimo, que as minhas opiniões não o impeçam de não vir aqui. Repito: NÃO VIR. Espero que ninguém o esteja a torturar com as minhas opiniões, espero que ninguém esteja a obrigá-lo a vir aqui, espero que seja livre de não vir. Repito: NÃO VIR. E quem são os todos a quem se refere? Quem lhe passou a procuração para falar por eles?
Aproveito esta situação como exemplo, um exemplo entre muitos que fazem deste blog uma coluna de mexericos.
Parece-me que o Henrique levou aquela frase do David Lodge (segundo a qual a Literatura é coscuvilhice para intelectuais) demasiadas vezes para a cama. Fodeu-a de tal maneira que agora tudo neste seu blog é provocação, é uma marginalidade literária, uma chicana, uma novela que chama a si personagens da vida literária como podia estar a falar dos participantes do big brother. Mantém aqui um discurso absolutamente superficial, mas de tal modo deita os dedos à garganta que muito do que escreve cheira a vómito, muito não passa de puro asco, uma destilação de fel e veneno. Vários são os posts onde se levantam insinuações e suspeições podres, ridículas muitas vezes. Posso ser mais directo e dizer-lhe que a sua atitude em relação ao Nuno Júdice e à sua passagem pela tertúlia d’Os Livros Ardem Mal (ocasião em que o Henrique nem sequer esteve presente - o que não o impediu de formar opinião a partir de uma versão dos acontecimentos que lhe chegou por interposto de terceiro) me pareceu cretina, mal intencionada, estúpida e agressiva… A situação acabaria por ser esclarecida, o próprio Luís Januário, sem se desculpar, acabou por aceitar a comunicação feita pelo Osvaldo Manuel Silvestre, que não deixou margem para dúvidas: o Luís Januário cometeu um erro grosseiríssimo, foi “apressado e preconceituoso” . O que depois não vi foi nenhum dos “agressores” vir retratar-se, nenhum pedido de desculpas, nada caralho! São uns animais na hora de agredir, mas depois não são honestos nem sérios, não reconhecem o erro a não ser num tom geral, quando fogem às próprias ondas que levantam. Quando o vi ao vivo até me espantou a sua figura, pareceu-me calmo, sereno, simpático até. Nada daquilo que se me vinha afigurando ao ler estas suas “opiniões”.
A antipatia que tenho para com a sua pessoa tenho-a também para comigo quando me precipito, quando sem pensar nos outros sou estúpido e violento. Esforço-me para mudar esse aspecto tão pesado na minha personalidade, mas a si não o vejo tentar refrear-se. Pelo contrário. Tem uma atitude exuberante, magoa, destrata, arrasta tudo para a merda desses seus sentimentos, desse seu desencanto, desespero, frustração. Para mim o Henrique não é incompreensível, não preciso de fazer um grande esforço para perceber de onde vem essa violência, vem de dentro. E isso não invalida que o mundo literário como o resto do mundo seja muitas vezes um verdadeiro horror, mas perguntava-me qual é a diferença entre os nossos blogs e eu digo-lhe: não faz ideia da quantidade de merdas que penso e chego às vezes a escrever, mas que depois não revelo, contenho. Penso no que é importante. O importante é, tanto quanto possível, partilhar um agrado pelas pessoas e coisas que o merecem. Não acrescentamos nada à merda atirando mais merda para essa “mirífica montanha”. A merda despreza-se.
Diogo, agradeço-lhe a frontalidade. Até estou comovido. Não fosse o vómito, agarrá-lo-ia pelo pescoço e dar-lhe-ia um beijo na boca. Obrigado. Sinceramente.
Emxº. Senhor Diogo Vaz Pinto:
Não pensei muito antes de escrever aquilo que agora vou escrever, e, de certeza, o Senhor vai notar isso.
Não tenho qualquer problema em dizer que o Senhor me parece ser um imbecil. O mesmo se aplicará a mim, pois estou a ter trabalho em comentar um comentário seu, o que é uma imbecilidade, mas vou correr esse risco.
Gostava muito de saber se o Senhor teria a mesma opinião em relação ao Senhor Nuno Júdice, caso este não tivesse pegado ao colo na sua "Criatura". Sinceramente gostava de saber isso. Mas se não me quiser responder está no seu direito.
Tudo aquilo que aponta ao Henrique (reparo que não trato o Henrique por Senhor, pois conheço-o pessoalmente e considero-o meu amigo), no seu muito imbecil comentário, é tudo aquilo que o Senhor é no seu comentário. Não sei que águas o movem, não quero saber e quero distância delas. Não sei se existe alguma disputa com o Henrique. Talvez ele não tenha escrito o que o Senhor queria que ele escrevesse sobre a sua "Criatura". Mas às vezes acontece: nem todos gostam daquilo que nós gostamos, nem todos acham genial aquilo que nós escrevemos, nem todos são amigos dos nossos papás, nem todos gostam de ver as botas lambidas por um arrivista qualquer.
O meu imbecil comentário ao seu imbecil comentário já vai demasiado longo para o meu gosto, pois gosto de poucas palavras. Bastava-me dizer: o Senhor Diogo Vaz Pinto é um imbecil. E ficaria por aí. E é o que vou fazer.
(N.R.: Todos os comentários anónimos que não se refiram exclusivamente aos visados serão apagados. Apaguei uma parte do comentário assinado por luís por acusar terceiros de actos que carecem de prova.)
manuel a. domingos, todos sabemos que a criança diogo é um imbecil (…) e que o menino diogo é super feliz, ao contrário do que faz passar na suposta poesia em que é um paspalho que tenta copiar o manuel de freitas: em suma é uma criança; isso não é novidade para quem anda atento, mas o que me intriga no meio de tudo isto é, e tenho de lhe perguntar, você é advogado de defesa do henrique? já o vi éne vezes vir defender o henrique.
cumprimentos,
luís
Caro luís:
Espero que não seja gato para não morrer de tanta curiosidade.
Em resposta à sua pergunta: considera mesmo que o Henrique precisa de advogado, ou advogados, de defesa?
Com os melhores cumprimentos
Por acaso até precisava de um advogado. Não tenho é dinheiro para o pagar. Entretanto, leiam este post. Há mais do mesmo género. O Diogo vai ter muito trabalho…
Não recordo ter visto o senhor Diogo Vaz Pinto armar-se em defensor do Rogério Casanova. Acho que continua a ler de atravessado o que as pessoas dizem no seu blogue. Além de que quem parece estar a dar-se a demasiados trabalhos não é ele...
Senhor Anénimo (sic), se não se recorda eu lembro-lhe onde tudo isto começou e poderia ter acabado. Tenho-me limitado a reagir. Com débeis memórias selectivas, pouco mais posso fazer.
"este anónimo o que percebe é que o problema é o henrique não ser apontado como um desses génios, apesar de fazer tudo por tudo para causar ondas em redor de si mesmo"
É isto que eu leio, não vejo ali as palavras Casanova e Rogério. Devia dar-se mais crédito, o comentário é sobre si, não sobre o Casanova.
Sem comentários. Já chega. Encerro o festival.
alguém me explica o que se passou com o moço da pastoral portuguesa?
falaste por aí do "episódio" Nuno Júdice na sessão de OLAM, Henrique?
(devo andar ainda mais distraída do que habitualmente)
Diogo, posso dizer-lhe que estive lá e ouvi tudo da forma como o Luís Januário ouviu, a partir daí as opiniões sobre as afirmações de Nuno Júdice são outros quinhentos (como dizia o outro...) e eu não irei entrar nesse campo. Agora... desculpar-se? era o que mais faltava!
Já o tinha lido na outra caixa de comentários e fiquei com péssima impressão do que por lá deixou... umas coisas no ar e toca de zarpar sem se justificar, depois vem a este lado falar de "cuidado" ao dirigir-se a terceiros e a emitir opiniões? ora bolas
(não me tome a peito, entenda este meu espanto como um conselho de "imagem")
anónimo-zelador, não sou advogada, gosto do Henrique, discordo das opiniões dele em talvez cerca de 50/50 (às vezes até me irrito, veja lá!)
p.s. quero lá saber se tinhas encerrado o festival, Henrique :P
Margarete, muito obrigado pelo teu comentário. Com o moço do Pastoral Portuguesa nada se passou. Eu limitei-me a publicar um post absolutamente inócuo onde manifestava algum enjoo com o carnaval gerado em torno da publicação de uma fotografia onde estará o Rogério Casanova na companhia de outros comparsas com quem esteve a jantar. Sem delongas, podes dar-te conta desse Carnaval, por exemplo, aqui. É apenas um pequeniníssimo exemplo. Mais informo que gosto muito do Pastoral Portuguesa, sigo atentamente o Bibliotecário de Babel, enfim, penso que só para quem não queira perceber é que é preciso explicar: nada tenho contra “modas”, mas tudo o que é de mais enjoa. O Diogo Vaz Pinto não terá gostado do meu post e disse o seguinte: «o problema é o henrique não ser apontado como um desses génios, apesar de fazer tudo por tudo para causar ondas em redor de si mesmo». E com esta patética acusação deu-se início à cowboyada. Do episódio que envolveu Nuno Júdice falei aqui. Aliás, nesse mesmo post o Luís Januário deixou um comentário que desmente, se bem o leio, o que o Diogo Vaz Pinto acabou por dizer: «o próprio Luís Januário, sem se desculpar, acabou por aceitar a comunicação feita pelo Osvaldo Manuel Silvestre, que não deixou margem para dúvidas: o Luís Januário cometeu um erro grosseiríssimo, foi “apressado e preconceituoso”». Ora, eu julgo que se alguém foi preconceituoso, foi o Nuno Júdice. Se alguém foi apressado, foi o Diogo. Adiante. Só me refiro ao facto por falares no assunto. Sinceramente (como bem saberás, de outra forma não poderia ser) estou-me nas tintas para quem seja o Diogo Vaz Pinto ou o que pense a meu respeito. Mas não posso deixar de reagir a comentários do género dos que ele me dirigiu, ainda para mais quando constato, para tristeza minha, que quanto mais novos, mais moles. Refiro-me ao final: «não faz ideia da quantidade de merdas que penso e chego às vezes a escrever, mas que depois não revelo, contenho. Penso no que é importante. O importante é, tanto quanto possível, partilhar um agrado pelas pessoas e coisas que o merecem. Não acrescentamos nada à merda atirando mais merda para essa “mirífica montanha”. A merda despreza-se.» Do meu singelo ponto de vista, desprezar a merda é consentir a merda – tal atitude transformaria o mundo numa pocilga. Conter as merdas, também não fará muito bem à saúde. O melhor será mesmo evacuar, evitando males maiores. É verdade que não acrescentamos nada à merda atirando-lhe com mais merda. Mas também é verdade que ninguém pretende atirar merda à merda, pelo menos não tanto como o Diogo fez no comentário supra. A bem dizer, se há coisa que tenho aprendido em quase 6 anos de blogaria é que têm razão os soldados da paz: para grandes fogos, só mesmo o fogo pode ser solução. Mas vá lá o Vaz Pinto entender uma coisa destas!
Entretanto o Casanova chamou-te palhaço e ao outro um puto. Vai ver, que o gajo tem piada.
http://pastoralportuguesa.blogspot.com/2009/03/ando-muito-preocupado-com-o-destino-do.html
zzzz
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