11.1.06

Do Extermínio

34.

Ninguém sabe porque uma mulher
se mata de encontro a um comboio.
Nem porque se guardam as flores
numa gaveta. Só o espelho pensa
com suas raízes dóceis, cortando
as veias sempre que a chuva pára
e a secura toma conta das palavras.
Há um rosto que reflecte tudo isso,
uma fotografia encaixilhada num
museu. Mas é uma relíquia, um achado
intocável, uma espécie de anjo
que habita dentro do peito e se
desloca para dentro.

Jaime Rocha
Jaime Rocha nasceu em 1949 na Nazaré. Estudou na Faculdade de Letras de Lisboa e viveu em França nos últimos anos da ditadura, até 1974. Exerce a profissão de jornalista, há cerca de três décadas, com o nome próprio de Rui Ferreira e Sousa. Tem editadas várias obras de poesia, ficção e teatro. No domínio da poesia, Jaime Rocha publicou Melânquico (com o pseudónimo de Sousa Fernando) em 1970. Na ficção destacam-se os romances A Loucura Branca e Os Dias de um Excursionista. A sua obra teatral, de maior fôlego, tem sido frequentemente representada e galardoada. Alguns dos seus livros de poesia mais recentes encontram-se publicados na colecção de poesia da Relógio D’Água.

2 Comments:

At 2:31 da tarde, Blogger joana said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At 2:32 da tarde, Blogger joana said...

este senhor é muito simpático. tive o prazer de o conhecer há uns dias.

 

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