28.5.06

Albrecht Dürer (1471-1528): Melencolia I
Levarei para o meu túmulo todas as cores que povoaram o meu olhar. Por me haverem lido em meia dúzia de frases, julgarão saber-me de cor e salteado. Mas num homem encerra-se algo mais que um mero cacho de versos rarefeitos. Um homem não é só o que mostra, o que se mostra é muito pouco do que se é e o que se é não se vê. Por vezes, convém-nos esquecer que por dentro dos contornos há universos indecifráveis. O homem é um universo indecifrável. Um silêncio calado por trás do ruído, um matiz explosivo por dentro do branco. Nada do que importa se diz, por isso tudo pode ser dito. Nada será revelado, nada do que importa. O que importa fica sempre para lá daquilo que pode ser revelado.
20 de Abril de 2004

6 Comments:

At 7:55 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Nada a revelar. É tudo evidente.
Soturno poliedro. Belo texto.

 
At 12:24 da manhã, Blogger Vítor Leal Barros said...

não imaginas o quanto concordo ctg...ou se calhar imaginas ;)

 
At 8:39 da manhã, Blogger Amélia said...

Gostei muito deste teu texto, Henrique.Um beijo e boa semana!

 
At 1:22 da tarde, Blogger Darlan M Cunha said...

O que os deixa mais amorfos ainda, a eles, os pobres de redemoinhos ? Raskolnikov sabia que não se pode mesmo conhecer homem algum, mulher nenhuma.

 
At 4:23 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Este é um texto intemporal, tal como a obra do Mestre que o escreveu. Também li agora o do Eugénio Lisboa, que lá por ser temporal, não deixa de fazer pensar. E por falar em temporal, não tenhamos dúvidas que será temporário o debate sobre as questões colocadas por Carrilho, ao ousar tocar na intocável comunicação social local e nos seus métodos locais de manipulação e silenciamento de tudo o que não convém que nós saibamos.

 
At 8:38 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Muito obrigado a todos pelos comentários.

 

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