TIA HELEN
Miss Helen Slingsby era a minha tia solteira
E morava numa casita à beira de uma praça elegante
Tratada por serviçais em número de quatro.
Ora, quando morreu, fez-se no céu um silêncio
E silêncio ao fundo da rua que era dela.
Correram as persianas, limpou os sapatos o cangalheiro –
Consciente de que tais coisas haviam já acontecido.
Na ração dada aos cães, foram generosos
Mas até o papagaio morreu em poucos dias.
Na prateleira do fogão, seguia o tiquetaque do relógio de Dresden,
E em cima da mesa de jantar sentava-se o lacaio
E apertava, nos joelhos, a criada de fora –
Sempre tão discreta, em vida da patroa.
Tradução de João Almeida Flor.
E morava numa casita à beira de uma praça elegante
Tratada por serviçais em número de quatro.
Ora, quando morreu, fez-se no céu um silêncio
E silêncio ao fundo da rua que era dela.
Correram as persianas, limpou os sapatos o cangalheiro –
Consciente de que tais coisas haviam já acontecido.
Na ração dada aos cães, foram generosos
Mas até o papagaio morreu em poucos dias.
Na prateleira do fogão, seguia o tiquetaque do relógio de Dresden,
E em cima da mesa de jantar sentava-se o lacaio
E apertava, nos joelhos, a criada de fora –
Sempre tão discreta, em vida da patroa.
Tradução de João Almeida Flor.
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T. S. Eliot, Thomas Stearns Eliot, nasceu em St. Louis, no Missouri, no dia 26 de Setembro de 1888. Antes de ir para Harvard, frequentou a Smith Academy e também a Milton Academy. Em 1906 ingressou finalmente no Harvard College. Em 1910 foi para Paris, continuar os estudos na Sorbonne. Descobre o simbolista Jules Laforgue e não faz a coisa por menos: foi o inventor do verso livre que o “ensinou” a falar. A descoberta de Baudelaire ocorreu nesse intervalo francês. Com o autor de Les Fleurs du Mal aprendeu a fundir sordidez realista e fantasmagoria. Em 1911 voltou a Harvard para concluir o doutoramento, uma dissertação sobre o filósofo britânico Francis Herbert Bradley. Aos 26 anos vai para Inglaterra. Matricula-se então no Merton College (onde Bradley era fellowship) de Oxford, mas em 1915 vira costas à universidade e estabelece-se em Londres. Induzido por Ezra Pound, publica The Love Song of J. Alfred Prufrock na revista Poetry de Chicago, e Preludes no magazine vorticista Blast. É também em 1915 que casa com Vivienne Haigh-Wood. Vivienne enlouqueceu em 1930. Eliot conseguiu o divórcio em 1933. O insucesso da vida familiar e sexual foi determinante na conversão de Eliot ao catolicismo. Isso aconteceu em 1927. Foi também nesse ano que renunciou à cidadania americana, tornando-se cidadão britânico. Estribado no reconhecimento público, Eliot torna-se correspondente em Londres da Revue Française e da revista The Dial. Um tanto inesperadamente, em Setembro de 1925, Eliot funda com Geoffrey Faber a editora Faber & Gwyer (Faber & Faber). Em 1948 recebeu o Prémio Nobel. No dia 10 de Janeiro de 1957, casou em segredo com a sua secretária pessoal, Valerie Fletcher. Eliot tinha quase o dobro da idade de Valerie. O autor de The Waste Land moreu em Londres, no dia 4 de Janeiro de 1965. (A partir de Eduardo Pitta, Metal Fundente, Quasi, 2004)
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