EM CADA BOSQUE O PRODÍGIO
Era uma vez um senhor que estava apaixonado por um furúnculo. Era um furúnculo belo, isso era, porque lhe fugia sempre e as coisas que nos fogem são belas. O senhor via o furúnculo na cara de homens e mulheres, de velhos, advogados, e até no cu de um cão moribundo que gania. O cão gania porque estava apaixonado pelo furúnculo e tinha muita pena de morrer, era a primeira vez na vida que estava apaixonado. O senhor teve ciúmes e pena ao mesmo tempo e quando isto lhe passou foi a correr atrás do cu do cão. Quando estava mesmo a alcançá-lo o cão morreu e o seu cu voou e devia ir para o céu porque estava a ficar cada vez mais bonito, até parecia um buraco azul. De repente deve ter ficado mais pesado e começou a cair levemente em direcção à cara do senhor. Foi um momento breve, um instante suspenso. A expressão do senhor, contudo, não permitia tirar nenhuma ilação acerca das coisas belas que se aproximam.
Rui Costa
Rui Costa
6 Comments:
pois é, as coisas belas são assim :0)
Zoofilo
gosto de beleza oh é uma coisa que eu tenho!
Rui Costa
a cara de cu da beleza!
ok!
abraço
Luis Ene
isso luis, abraço
Rui Costa
É muito belo rebentar fúrunculos.
Maria João
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