QUEEN
Se fosse vivo, Farrokh Bulsara faria amanhã 60 anos. Natural de Zanzibar, na Tanzânia, cedo adoptou o nome de Freddie. Portador de uma voz poderosíssima, dividiu-se de amores pelas artes plásticas e pela música. Já no início da década de 1970, juntou-se aos amigos Brian May e Roger Taylor com a intenção de formar uma banda de hard rock. Nasciam os Queen, numa Londres dividida entre o visual arrojado e andrógino do glam rock, refém das melodias pop dos eternos The Beatles e paulatinamente rendida à pujança do heavy praticado pelos Led Zeppelin. Os Queen assimilaram todas estas influências com naturalidade e inteligência, tendo em Freddie (agora) Mercury um autêntico “animal de palco”. Não tendo sido fã da banda, confesso a minha admiração pelo homem da linha da frente. Essa admiração surge quando ao assistir, pela televisão, ao Live Aid de 1985 deparo-me com a prestação de um tipo algo piroso, todo vestido de branco, mas com uma voz capaz de fazer arrepiar a espinha a um qualquer Ramsés mumificado. Era ainda um puto, é certo, mas comovi-me de tal forma com a linha de piano de um dos temas que nunca mais o quis perder de ouvido. Vim a descobri-lo, mais tarde, num LP gravado em 1975 (um ano depois de eu ter nascido), intitulado A Night at the Opera. «Bohemian Rhapsody», a canção, foi a minha introdução ao vasto e complexo mundo do prog-rock. Foi a partir dessa canção que cheguei aos Pink Floyd, aos King Crimson, aos The Soft Machine, aos Jethro Tull, etc. É hoje inegável a importância de algumas dessas bandas, sobretudo no contexto daquilo a que se convencionou chamar de post-rock após o aparecimento de alguns dos mais estimulantes projectos musicais da década de 1990 (ver Tortoise, Ui, Ganger, Isotope 217º, Brokeback, Aerial M, Slow Loris, Trans Am, Mogwai, etc, etc, etc). Os Queen terão pouco que ver com este universo. No entanto, a sua música foi um caminho para aí chegarmos. Mais nenhum álbum na carreira da banda pode ser comparado ao marco de 1975, ainda que se lhe notem os efeitos em registos posteriores tais como o terminal Innuendo (1991), gravado com Mercury já num estado bastante precário de saúde. Os Queen foram, à imagem do seu vocalista, uma banda excêntrica, com um faro comercial da música e um sentido de espectáculo que nunca os terá impedido de arriscar e pisar o risco. Gravaram muita porcaria, alternando o óptimo com o péssimo. Rendo-lhes homenagem, em tempo de comemoração, com um pouco do óptimo.
5 Comments:
É estranho, nunca comprei um disco/CD sequer desta banda. Não me agradava a coisa demasiado histriônica, demasiado carnavalesca, demasiado comercial. Porém agora tive prazer ao ouvi-los.
Obrigada.
nunca fui fã dos Queen, de todos os albuns tenho apenas o Innuendo, na playlist do pc tenho apenas duas músicas, a que toca no insónia e a música com o mesmo nome do album que falei. Sem qualquer preconceito considero-as obras de composição notáveis...
olha o gajo, também gosta de vermelho.
Rui Costa
Pois eu sou fã desde sempre, e principalmente de Fred Mercury que era excessivo em tudo.
Se os Queen sao a melhor banda de sempre, e sao sim senhores, muito devem ao Freddie Mercury. Na zona olímpica de Barcelona, ainda hoje a sua voz me chegou aos ouvidos !
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