CAVALEIRO DO CAVALO DE PAU
Vai a galope o cavaleiro e sem cessar
Galopando no ar sem mudar de lugar.
E galopa e galopa e galopa, parado,
E galopa sem fim nas tábuas do sobrado.
Oh! que bravo corcel, que doidas galopadas,
- Crinas de estopa ao vento, e as narinas pintadas!
Em curvas pelo ar, em velozes carreiras,
O cavalo de pau é o terror das cadeiras!
E o cavaleiro nunca muda de lugar,
A galopar a galopar a galopar!
Galopando no ar sem mudar de lugar.
E galopa e galopa e galopa, parado,
E galopa sem fim nas tábuas do sobrado.
Oh! que bravo corcel, que doidas galopadas,
- Crinas de estopa ao vento, e as narinas pintadas!
Em curvas pelo ar, em velozes carreiras,
O cavalo de pau é o terror das cadeiras!
E o cavaleiro nunca muda de lugar,
A galopar a galopar a galopar!
Afonso Lopes Vieira nasceu em Leiria em 1878. Ainda muito novo redigiu alguns jornais manuscritos, tais como A Vespa e O Estudante. Concluiu o Curso de Direito em Coimbra, deslocando-se posteriormente para Lisboa. Em 1897 estreou-se com o livro de poemas intitulado Para Quê?, culminando a sua actividade poética, em 1941, com Onde a Terra Se acaba e o Mar Começa. Viajou por Espanha, França, Itália, Bélgica, norte de África e Brasil. Esteve ligado à Renascença Portuguesa, ao movimento saudosista, sendo um dos principais representantes do denominado neogarrettismo. Converteu para português várias obras clássicas, tendo sido pioneiro da fotografia e do cinema. Escreveu muita literatura para crianças, colaborou na revista A Águia e foi redactor e fundador da revista Lusitânia.
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