Modas
Quando vejo, leio e ouço muita gente a citar o mesmo autor ou o mesmo livro ao mesmo tempo, sobretudo se o tom da referência for sempre o elogio, desinteresso-me. Só por isso duvido que nos próximos tempos venha a ler alguma coisa de um tal Slavoj Zizek. Acontece-me algo semelhante com Benjamin, embora esse me tenha sido impingido noutros tempos. Se fosse hoje, fugiria dele a sete pés.
5 Comments:
A comparação entre Slavoj ZizeK e Benjamim não é a mais feliz. Aliás, Benjamin só foi recuperado algumas décadas depois de nos ter deixado. Quanto a ZiZek, que dificilmente passará de um fenómeno de moda, encaixa bem na esquerda caviar. Porém, depois de lermos um livro de Zizek não fica nada, nada de nada, um conceito forte, nada. Ficamos sem rasto dele, do seu pensamento, evapora-se como por artes mágicas. Ora, mesmo tendo eu uma memória desgraçada, de Zizek não fica sequer o esboço de uma paisagem conceptual, de uma aragem. Fica a milhas de um Foucault, de um Deleuze, de um Agamben ou desse ensaista de eleição que é Peter Sloterdijik. E isto para apenas referir pensadores da mesma família. A de Zizek recuperação do marxismo é para rir.
João, longe de mim fazer qualquer comparação entre ZizeK e Benjamim. Só refiro Benjamin porque, de facto, está na moda citá-lo. Não me interessa discutir porquê, mas é uma evidência que fala por si.
Henrique, nisso estou completamente de acordo consigo. O abuso em relação a Benjamin tem sido de bradar aos céus. Mais, se reparar no mundo da critica literária temos Benjamínianos notórios, praticantes de uma nostalgia que pensa que o mundo acabou nos anos trinta, entre Viena e Berlim. Seria uma longa conversa. Repare como esse mundo perdido ou que preparava o holocauto, de Viena a Berlim, ainda tem muita força hoje: seja um Agamben, seja um Sebald, ou mesmo o nosso Gonçalo M. Tavares, embora neste caso já seja a literatura da literatura. É um jogo com muitas variantes.
Exemplo disso tenho-o aqui no mais antigo (40 anos) e conceituado Suplemento Literário do país (recebo-o em casa), que, há anos e lustros e décadas, não se lhe vê praticamente um número sequer sem que algum/ma analfabeto/a cite os Deleuze e os Benjamin da vida... e por aí vai. Afe !
Por cá não é muito diferente, caro Darlan.
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