Salvação
Invejo as pessoas que trazem milhares de citações coladas na ponta da língua. A minha já mal chega para um cunilingus como deve ser, quanto mais para a citação! Na vida para lá do aqui, raramente tenho citações à língua de semear, saindo-me tudo do pêlo e com grande esforço. Aqui não, uma pessoa pode socorrer-se, por exemplo, do génio de um João César Monteiro para com ele afirmar: «Não vogando já na doce ilusão de uma sociedade sem classes, concordei em aceitar viver numa sociedade sem classe.» A frase foi escrita num domingo de Agosto, em Paris, e pode [também] ser lida em Uma Semana Noutra Cidade (&etc). Mas voltando às pessoas e às citações. A minha segunda-feira de hoje começou exactamente como a de César Monteiro num 9 de Agosto de há anos: com o meu próprio cu a dar-me vontade de rir, «uma vontade de rir ligada à vontade de cagar». Só não foram mais iguais, as duas segundas feiras, porque o meu cu jamais estará ao nível do cu de César Monteiro – a César o que é de César – e porque, ao contrário do cineasta português, eu fui educado na traição do bidé. Entretanto, a este propósito, descubro uma interessante animação acerca de técnicas alternativas para a limpeza do ânus. Trata-se de uma animação bastante educativa e, quanto a mim, elucidativa o suficiente de como uma boa história pode salvar um dia de merda.
6 Comments:
:) quando era miúda gargalhei com esta 'história' contada na primeira pessoa por um familiar bem mais velho. Acho que foi mesmo a primeira história 'porca' que ouvi. Já não me lembrava, e foi bom recordá-lo;)
Porquê elas? Because thei are black?
Uma vez estive no café cister, na rua da escola politécnica, em lisboa, com o João César Monteiro e duas raparigas que trabalhavam numa produtora de filmes. A dada altura uma delas pergunta ao tipo: o que é uma mulher sem útero? Ele pensa um bocadinho e responde "uma mulher diminuída".
A que propósito vem essa história, caro Rui?
Veio a propósito da citação que fez dele. "Uma mulher diminuida" é a citação que tenho dele, dita com aquela vozinha dos filmes.
Ok. Estava para aqui a congeminar outros filmes. César Monteiro foi um dos nossos malditos. Acho que soube viver, não sei se soube morrer. Guerra à sua memória!
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