PARA QUEM SE SENTE INSPIRADO
Na poesia de Silva Carvalho encontro um olhar insensível e obumbrado, um cântico nulo e severo esvoaçando nulo de percuciência, um zumbido terebrante, o ouvido desperto até à ustão, um outro modo de ser pacacidade, uma fome terebrante em meu corpo ancho, o tão ansiado e fúlvido desejo, o deletério aviltamento, o morno truísmo pervagando a consciência sem memória nem signo, o prazer travestido em icto e auge e grito, um percluso percalço, a pletórica riqueza inefável, um poema surdindo no acme da Voz, um singulto, o poema indefectível da hora, a voz que sibila nonadas como miragens, o sonho incoativo, uma luz sitibunda caindo sobre as coisas, esse tenebricoso nada da presença que inebria, essa inolvidável hora no mericismo das coisas que asfixiam, o apogeu da hominalidade pura e fictícia, um sol dardejando a inanidade esplenética do que só pode ser sentido como ausência, um prazer tão inaudito e ao mesmo tempo suxo, o automóvel pela cidade aberta em espaços acmásticos, a tauxia da luz, cânticos dementes da desvirtuada palingenesia, uma dor despascente, o declínio sestro, um vil ínstase, ou apenas a excruciante metamorfose, fantasmagoria da estesia enferma, um olhar obstupefacto, a degenerescência do pervígil sonho, paredes devolvidas ao sáfio poente, o estilicídio da obsessão, a dor infecunda da premonição ao avesso e sempre vulgívaga, o poder com que se confunde um valor na estesia, um nada aspiciente, os limites perfunctórios da arte, a experiência definitiva e anistórica, a dispensação, uma hipotética e lúdrica memória, este desejo prisco e infantil, a tauxia do homem na nomenclatura real do mundo, a brancura esplenética, o sinuoso poema. Tudo isto eu encontro na poesia de Silva Carvalho. E fico triste, sem saber porquê!
5 Comments:
Que texto!
Palavras, muitas e caras!
Isso é que foi inspiração, apesar da tristeza da poesia de Silva Carvalho...
Para quem não saiba, todas as palavras, excepto «na poesia de Silva Carvalho encontro» e «tudo isto eu encontro na poesia de Silva Carvalho», são de versos do próprio Silva Carvalho.
Que horror!!!!!
Vou reler a introdução de João Gaspar Simões sobre a Poesia de Mário de Sá Carneiro que ontem mesmo descobri e que me reconciliou com a poesia. Esse Silva Carvalho, jasus!
Meu Deus! depois de ter lido isto fiquei bem confusa...
Vou começar desde o principio..
Estou com insonia...
é preciso ler o silva carvalho
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