EPICENTRO INACESSÍVEL
Frágeis mãos simplificam a ausência
em palavras colhidas de uma árvore sem nome.
Quem vibra unânime e permanente na sede temporal dos frutos?
Quem me escolheu esta seiva de sombras no caminho?
Quem completa o círculo inacabado no silêncio
e divide o meu corpo em vastos continentes?
Eu sou testemunho, sou cúmplice
no meio da folhagem dos dias
o contorno do sono
faz de mim um outro e outros sem fim
sem que à transparência a divisão seja clara
e me dê esse nome de árvore metafórica
no gosto sombrio das impossíveis imagens.
Jan./1988
José Alberto Mar nasceu em Angola no ano de 1955, embora viva em Portugal desde os 7 anos. Licenciado em Belas-Artes, realizou também estudos no domínio da literatura. Expõe regularmente desde 1980. Em 1987, foi-lhe atribuído o Prémio Revelação de Poesia da A.P.E. pelo livro O Triângulo de Ouro (1988). Foram júris António Ramos Rosa, J. O. Travanca Rêgo e António Júlio Valarinho. São ainda do mesmo autor livros como As Mãos e as Margens (1991), em colaboração com Pedro Tudela, e A Primeira Imagem (1998). Participou em várias revistas literárias, jornais e weblogs. Mantém o weblog Eu.Cá.Voo.Caminhando.
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