ESQUECIMENTO
O esquecimento é como uma canção
Que, sem pulsação nem medida, se perde.
O esquecimento é como um pássaro de asas reconciliadas,
Estendidas e imóveis, -
Um pássaro infatigável que costeia o vento.
O esquecimento é chuva nocturna,
Ou uma velha casa na floresta, - ou uma criança.
O esquecimento é lívido, - lívido como uma árvore golpeada,
E pode ensurdecer as profecias da sibila,
Ou ocultar os Deuses.
Eu consigo lembrar demasiado esquecimento.
Versão (muito) livre de HMBF
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Hart Crane, Harold Hart Crane, nasceu no Ohio em 1899. Levou uma vida agitada e nómada, dentro e fora do seu país. As suas inclinações homossexuais, num meio socialmente homofóbico, condicionaram bastante a sua vida afectiva e emocional. Relações temporárias e, por vezes, violentas, terão sido forte contributo na formação de uma personalidade conturbada, impetuosa e, já numa fase final da vida, com claras tendências depressivas. Publicou a sua primeira colecção de poemas em 1926: White Buildings. Antes disso, havia já publicado alguns poemas em pequenas revistas de culto. Agastado com o insucesso daquela que Crane considerava ser a sua obra fundamental, The Bridge (1930), o poeta foi-se deixando tomar pelo vício do álcool. Suicidou-se no dia 26 de Abril de 1932.
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