O mundo é um lugar injusto.
Fiquei recentemente a saber da presença das Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colômbia - Ejército del Pueblo (siga o link) na mais recente edição da Festa comunista. O mundo é um lugar injusto. Algumas das acções dessa organização terrorista, tendo em vista o combate à influência do capitalismo norte-americano na Colômbia, vêm há muito chocando o mundo, esse lugar injusto. Sobrevivendo à conta de sequestros, extorsões e tráfico de droga (ver wikipédia), as FARC forçam criancinhas ao combate, através da tortura e mesmo do assassínio (certamente para intimidar os vivos, que os mortos não lutam). Segundo noticia o Diário de Notícias, o Partido Comunista Português já confirmou a presença em “território nacional-comuna” da «revista "Resistência" - uma publicação que funciona como porta-voz das FARC». Ou seja, não estiveram propriamente as FARC – sem tempo, certamente, para festas -, mas sim a sua propaganda terrorista. O PCP diz-se ainda solidário «para com aqueles que em todo o mundo desenvolvem processos de resistência e luta contra as políticas anti-sociais, antidemocráticas e belicistas das principais potências imperialistas, ou de governos claramente manietados e instrumentalizados por essas potências - como é o caso do governo colombiano», mesmo que essa resistência e luta, acrescento eu, impliquem acções «anti-sociais, antidemocráticas e belicistas». Mas isso, enfim, é a injustiça do mundo. Alguma blogosfera lusitana, a começar no weblog que dá pelo nome de Tugir, que ao contrário do mundo se rege por princípios de justiça, denuncia o facto e recorda (o mundo é injusto mas a memória não) o que tem vindo a olvidar por entre manifestos vários, acesas polémicas e debates acerca de tudo e de nada: há sequestrados das FARC, como Ingrid Betancourt, que urge libertar. O senso humanista e humanitário de tanta blogolândia comove-nos perante as terríveis injustiças do mundo. Sequestrar senhoras, ainda para mais bonitas e ilustres, não é coisa que se faça. Assim como torturar criancinhas e traficar droga. As FARC devem ser mesmo do piorio. Junto a minha à vossa voz, ilustres bloggers, relembrando também (que isto do mundo ser injusto não pode impedir a memória) esse escândalo que dá pelo nome de Guantánamo (siga o link e veja o que pode fazer) e mais um outro, democraticamente aceitável em tempos de guerra (uma coisa são guerras, outra são guerrilhas), chamado Abu Ghraib. (a cada termo o seu link) São apenas dois exemplos de como a memória pode ser selectiva, mas nunca, claro está, tão injusta quanto o mundo. Em suma, para que fique bem claro e não me acusem de terrorista, contra todo o tipo de terror (excepto o ficcional) eu grito mais uma vez: soltem os prisioneiros. (Com um pouco de concentração, poderá o caro leitor evitar certas reminiscências desagradáveis que eventualmente sucedam após a soletração do remate em causa.)
2 Comments:
cáspite, acabas de me enfiar os delfins na cabeça durante o resto da tarde. O mundo é definitivamente um lugar injusto.
Avisei: um pouco de concentração. ;-)
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