(NÃO) ENTENDO
Um povo trafulha e analfabeto deu uma maioria absoluta a um Sócrates brilhante que se exprime com grande clareza, "panache" e profundo conhecimento das matérias, num Português correcto (assim diz a Inês Lourenço). Um povo trafulha e analfabeto, que utiliza a cunha, o nome de família e a ronhice mais abjecta até para passar por cima da própria mãe, continua a confiar no Governo do tal Sócrates (assim dizem as sondagens). Mas afinal, o que anda o povo trafulha e analfabeto a exigir? É o povo que tem exigido ou várias corporações, atingidas na doce inércia do "sempre tem sido assim"? O que tem o povo que ver com os conluios das elites, com os regimes de excepção para as elites, com as cunhas disfarçadas de mérito? Quem é povo? O povo cacareja? O povo põe ovo? O povo é o povo?
Sobre o povo, não mais me repetirei: aqui, aqui e aqui, que me lembre.
Sobre o povo, não mais me repetirei: aqui, aqui e aqui, que me lembre.
15 Comments:
O povo, ainda utilizam esse termo? O povo é uma minoria, o que existe neste país actualmente é a grande massa urbana, segundo o António Barreto em "Tempo de Mudança", Portugal em trinta anos deixou de ser um país rural e passou a ser um país audiovisual, o Portugal audiovisual, sem nada pelo meio. O povo está em vias de desaparecer, ai, a desatualização das elites, também não entendo.
Maria João
Henrique,
Só agora cheguei aqui, depois de comentar acima. E acho que descontextualizou o meu "povo". Ora leia o resto! O povo que elege Fatinhas, Avelinos, Santanas, Jardins, Isaltinos,Valentins, etc.
Vejo que não ouve os fóruns das rádios e não vê as as "opiniões públicas" da SIC, onde o povo de cidades, vilas e aldeias, taxistas, camionistas, pequenos comerciantes,gente aposentada, etc,entre um ou outro quadro ou licenciado, se manifesta contra o "Sr. Sócrates".TSF, Antena 1, Rádio Renascença; aqui, nesta, até ouvi uma senhora apelar à demissão. E que "ele se fosse realmente bom, já tinha o Curso feito com 24 anos".
Quanto à entidade simbólica "povo" é complexa como todos os símbolos. O que lhe quero dizer é que não tenho quaisquer ilusões sobre "bondades" simbólicas. Confira-se a trafulhice que vai nos "rendimentos mínimos", na fuga aos impostos e à Previdência, nas "baixas" por doença,nos subsídiosa de desemprego, etc, erc.Os "pequenos" trafulham à sua escala. O facto de ser "pequeno" ou até desvalido não é garantia de bondade. Muitos desses gostam de calcar e agredir os desgraçados que ainda estão em pior situação. Já conversei com taxistas e outros honrados cidadãos que achavam que os "drogados" deviam de ser "todos mortos". Aliás o caso "Gisberta" protagonizado por pequenos Calígulas de orfanato, ilustra bem certas "ilusões" simbólicas.
Mas, contextualize,se faz favor, está bem? Além de que o meu blogue, que nem tem comentários, não obriga ninguém a concordar comigo.
I.
Etanol, «a grande massa urbana» é um bom conceito. Lembro-me logo de um cozido à portuguesa servido ao longo da Ponte Vasco da Gama.
Inês, é precisamente por o seu weblog não ter caixa de comentários que resolvi provocá-la aqui. A questão é que denoto falta de coerência no seu post. Mesmo contextualizando com as especificidades que refere, quer que eu pense o quê: que o povo que deu a maioria a Sócrates é um e o que votou nesses autarcas é outro? Hmmmmm!? Não sei se serei capaz de tal jogo de anca. Então e o povo que votou no Sim será diferente do que votou nos autarcas que refere? Ó minha amiga (espero que não se apoquente com esta expressão, houve alguém em caixa de comentário lá para baixo que não gostou), o que eu penso é que “o povo” é pau para toda a obra, serve para tudo, quando é preciso é trafulha, quando não é preciso é outra coisa qualquer. Olhe, ainda agora vinha a ouvir a Antena Aberta e ouvi muitas coisas interessantes. Aliás, ouço o programa várias vezes quando regresso de deixar as pequenas com a avó. E calha-me ouvir coisas muito interessantes, entremeadas, claro, com outras de bradar aos céus. Aquilo a que a Inês chama de povo é qualquer coisa que me parece bem mais complexo e diverso do que uma massa de trafulhas e analfabetos. Os meus pais têm ambos a 4.ª classe, são comerciantes, eventualmente parte desse povo que segundo algumas pessoas se deve reduzir a uma imagem de incompetência, laxismo, trafulhice, etc. Mas os meus pais são o inverso disso tudo, assim como muitas outras pessoas, imensas, que, como eles, dedicaram a vida ao trabalho, a pagar impostos, muitas vezes, para sustentarem os discursos inúteis, as querelas inconsequentes, as manigâncias, os privilégios de algumas pessoas das elites e do poder que nunca fizeram a ponta de um corno na vida. Nem todos os que vivem à pala do sistema moram em bairros sociais. Há para aí muito “povo” que trabalha honestamente, muito dele “analfabeto”, e não é por culpa deles, certamente, que o país é o que é. Quanto ao assunto em si, pois que concordo consigo que querem fazer a folha ao Sócrates da pior maneira. A questão, para mim, não é saber se ele é licenciado ou não. Estou-me nas tintas. Mas já não me estou tanto nas tintas relativamente à possibilidade de ele ter sido, entre outros, privilegiado de um sistema corrupto que atribuía licenciaturas à la carte. Julgo que a Inês também se interessa por estes temas. Ou, para si, são indiferente as relações ambíguas, os privilégios, o tráfico de influências no mundo académico?
Saúde,
É a grande massa urbana que elege os politicos no actual portugal audiovisual democrático, porque são os grandes centros urbanos como Lisboa, Porto, Braga, Setubal ou Aveiro, que têm a maioria dos votantes e elegem mais deputados. O interior rural do país tem pouca expressão, aquilo que tradicionalmente se entende por povo é uma minoria neste momento. A população dos grandes centros urbanos é na sua maioria pequeno-burguesa ou classe média, que aqui em portugal é muito baixa em relação ao nivel de vida de outros países da Europa. São analfabetos? Não, a democratização do ensino começou com o Veiga Simão na epoca do Marcelo Caetano, com 200 anos de atrazo em relação aos paises europeus, analfabetos não são, mas as sucessivas reformas do ensino e o modo como tem sido conduzida a educação é caso para pensar que o futuro não é muito bom. Iletrados? Sim, mas atenção que as populações dos grandes centros urbanos actuais no mundo audiovisual tendem para isso. E são multiculturais, multi-etnicas também, não nos devemos esquecer da quantidade de retornados das ex-colonias que à 33 anos vieram para portugal com uma mão à frente e outra atraz, aqui se integraram e estableceram, que são portugueses votantes também, já vão na segunda geração ou terceira. No outro regime eram considerados portugueses de segunda, agora não e ainda bem. E também temos, o fenómeno da emigração de outros povos devido a estarmos na europa - ainda vai ser o que vai mudar isto. São complexos os fenomenos sociais do nosso pequeno país no momento, assim como a mutação que tem existido sobertudo de à 33 anos para cá. E quando se fala em povo português, é o quê, os habitantes de Portugal?
Maria João
Amigo Henrique,
Trate-me por amiga, à vontade.
Só duas coisinhas:
Em primeiro lugar o título do post é:
"CICUTA MEDIÁTICA; FARISAÍSMO E INQUISIÇÕES RIDÍCULAS"
Ora "Cicuta mediática" é logo indiciador de que atribuo aos "media" e não ao "povo" o papel de "executores" políticos de Sócrates. Para os menos informados nestas coisas, acrescento que "cicuta" foi o veneno com que obrigaram o velho Sócrates grego a suicidar-se.
Em segundo lugar recuso-me a considerar trabalho apenas as actividades de "alombar":tipo "trolhas", "trabalho rural", "esfregar casas", etc; isso é demagógico, preconceituoso e incorrecto. Ou não será trabalho pilotar um avião, operar um estômago,corrigir testes de alunos, dar aulas?
Sobre a maioria parlamentar actual, parece-me que resultou de uma conjuntira de fuga a santanismos, barrosismos, etc.mais do que de outra coisa. E a eleição de Cavaco foi concludente. Ouvi vários populares exprimirem o desejo de que Cavaco se "vingasse" de Sampaio, e dissolvesse mais adiante, por sua vez, a actual AR.
Quanto ao mapa da IVG,o "não" ganhou em todos os sítios das "fatinhas". Ou estarei confundida?
Há muito tempo que se sabe do péssimo ensino e do tyráfico de influências nas Universidades Privadas. O pior são as trafulhices que se fazem no Superior Oficial, com total desrespeito por quem muito se esforçou a conquistar graus e especializações de topo. Aliás o Ministro Mariano Gago num "Próis e Contras" deu o lamiré sobre as capelinhas dos incompetentes instalados, devido a inconfessáveis influências. Disso gostava eu de ver falar os "Públicos". Dos cancros de certos Politécnicos e afins, onde se cometem as maiores injustiças e ilegalidades.
Saúde.
I.
Peço desculpa de previsíveis gralhas, pois não revi o texto, por falta de tempo, agora.
Como a Inês disse, e aí dou-lhe razão, «a entidade simbólica “povo” é complexa». Pena, porém, que mais uma vez essa entidade tenha sido preconceituosamente simplificada em estereótipos que ficam muito aquém, quanto a mim, do que o povo seja. Não posso deixar de concordar com algumas das coisas que dizes, Maria João, mas outras merecem-me reparos. Por exemplo, quando dizes que as populações dos grandes centros urbanos actuais no mundo audiovisual tendem para a iliteracia. Não creio que tendam, são já, em grande parte, iletradas. E com o ensino que temos o cenário é alarmante. Isso é fácil de comprovar olhando para vários indicadores. Mas daí a serem analfabetos vai um hiato que não ouso saltar. No entanto, devemo-nos interrogar por que acontece isso.
A minha desconfiança é simples: as elites que governam têm-se furtado às suas responsabilidades cuspindo no rosto daquilo a que chamam povo. O povo português, entendido de uma forma mais genérica como os portugueses em geral, tem, quanto a mim, dado provas nos últimos anos de que está a mudar e de que está a mudar para melhor. Não é possível exigir muito mais quando temos os governantes que temos, a darem os exemplos que dão, quando vivemos num sistema que atrofia cada vez mais a classe média. Ainda ontem li uma notícia muito pequenina (por que será?) no Expresso onde se dizia que 116 lojas de comércio fecharam no ano passado em Castelo Branco, ao passo que até ao final do ano, se tudo ficar concluído, haverá 17 grandes e médias superfícies naquela área, uma área de influência de cerca de 70 mil habitantes. Por todo o país é isto que se vê, autênticos murros no estômago da classe média. Dificilmente alguém conseguirá sobreviver assim.
Agora não podemos é achar que um povo é trafulha e analfabeto por eleger autarcas corruptos e depois esquecermo-nos que o mesmo povo elegeu aqueles que julgamos serem o primado da excelência política. Não é justo também acusarmos a esse mesmo povo amorfismo e pouca exigência para depois o criticarmos quando ele se mostra exigente (e eu acho que até nem foi o caso). A maior parte das pessoas com quem falo e as que vou ouvindo nesses tais programas abertos estão-se nas tintas para a licenciatura do PM, mas já não se estão tanto nas tintas, e eu acho que fazem muito bem, para a possibilidade de essa licenciatura, como outras por essas universidades fora, ter sido obtida ilegitimamente.
Inês, eu também me recuso a só considerar trabalho as actividades mais físicas, por assim dizer. Espero que não tenha deduzido das minhas palavras esse tipo de alarvidade. O que eu queria dizer é que há muitos trabalhos que, infelizmente, não sobrevivem financeiramente sem o subsidio. Não custa lembrar que esse subsídio resulta do esforço de todos os que contribuem com o seu trabalho, os seus impostas, para a sustentação de um sistema do qual, muitas vezes, nem usufruem. Mas isso levava-nos a outra discussão. Lembro apenas, ainda, o excesso de deputados na AR com os privilégios decorrentes desses aninhos passados a coçar a virilha, as indemnizações vergonhosas, com jogos de transferências muito dúbios, ao nível das administrações de empresas públicas, as contratações sem explicação, grande parte das forças armadas que servem para pouco mais do que desfiles em dia de pompa, uma quantidade absurda de embaixadas e quejandos espalhadas pelo mundo inteiro, tudo a consumir a custa do erário, nem sempre mas muitas vezes, sem que se encontre qualquer justificação para tal.
De resto, só não concordo consigo nesses estereótipos acerca do nosso povo. No fundo, é quem menos tem a culpa do estado a que isto chegou. Olhe, o seu último parágrafo diz tudo. Tudinho…
Ó Rique, então nós, o povo, elegemos os "excelentes"? Esse garboso convencimento, quase me comove e enternece.
É que eu já sou cota, meu filho! Nós elegemos OS MENOS MAUS!
Maria João,
Nunca me filiei em qualquer Partido, pois para filiação chega-me a do BI. Mas, falando de povo, acho que ""o povo trabalhador" de que fala o Jerónimo de Sousa - pessoa que respeito e até admiro - é realmente um cliché desactualizado e arcaizante.
Mas "povo" existirá sempre enquanto comunidade linguística e cultural.Outra coisa será "nação". E outra ainda "estado".
Para os dois:
A "inocência" dos povos é um mito. "A noite dos cristais", com que se iniciou na Alemanha a perseguição nazi aos judeus, diz bem das sanhas acéfalas e de outras "inocências". O holocausto nazi e outros, deram-se sempre com a conivência e comodismo acéfalo dos respectivos povos. Aliás o Adolfo foi eleito democraticamente.
Já o Gil Vicente recenseava nos "Autos" a trafulhice lusitana. É pena os profes de Português serem tão maus, que não ensinam isto, ou não ensinaram, isto, aos alunos.
É bom viver com estrangeiros, ou viver noutro país, de preferência da Europa civilizada, para se entenderem as nossas limitações e qualidades.
V.I: Foi a pequena-burguesia alemã que elegeu democraticamente Adolfo Hitler. A minha unica filiação também é o BI, no entanto voto sempre, nem que seja pela memória da luta das mulheres pelo direito ao voto.
Actualmente, 30% da população no Luxamburgo é portuguesa ou de origem portuguesa, mais uns anos e será 50%, esse pequeno país vai-se tornar um país bilingue, é bonito não é? Será que o Gil Vicente passará a ser estudado nas escolas desse país? Há que ter esperança no futuro!
Maria João
Inês, você não percebeu bem o que eu escrevi. Você é que gabou a excelência do Sócrates, o Sócrates foi eleito. Era a isso que me referia. Para ser mais específico: não se pode dar uma no cravo e outra na ferradura. Se o Sócrates é assim tão excelente não está no poder senão por ter sido eleito, eleito por esse mesmo povo que elege menos maus, elege péssimos, é trafulha e analfabeto. São palavras suas. Espero que me tenha entendido agora.
Quanto à inocência dos povos, que não deixe ela de ser mito por culpa da minha ingenuidade. Não são os povos que não são inocentes, são as pessoas. Mas se falamos de portugueses, se falamos de povo português, ainda que em abstracto, julga a Inês que ele é o único culpado do estado a que chegou esta democracia de fachada? Quero dizer, o povo tem culpa de 50 anos de adormecimento, clausura e apatia? O povo tem culpa de uma guerra colonial completamente disparatada? A Inês gostou do livro do José Gil, que eu sei. Pois que volte lá e leia com mais atenção. É fácil, tremendamente fácil, dizer mal do povo. Não é o povo que faz as leis, o povo apenas tenta descobrir maneira de as não cumprir. Porquê? Porque muitas e tantas vezes são más e injustas, porque muitas e tantas vezes o chico-espertismo, a irresponsabilidade, o laxismo, a intriga, a inveja, falam mais alto. A Natureza de quem governa o povo deveria ser o exemplo e o fazer-se cumprir no e para o exemplo. É isso que não tem acontecido.
Mas ainda bem que fala dos alemães, acusando-lhes «comodismo acéfalo». Coitados de todos nós, o povo, seja ela português ou alemão, que andamos de cabeça nas mãos enquanto a Inês nos condena os pecados. E os ingleses, e os americanos, e os suecos, e os italianos, e os irlandeses, e os marroquinos, e os chineses, e os árabes, e os brasileiros? Afinal, dê-me lá um exemplo do que é para si um povo de jeito. Os profes de Português também são maus, a Inês sabe disso. Já lá vai o tempo em que eram bons. Talvez antes do 25 do 4. Ó Inês, essas generalizações, esse discurso não leva a nada e é batido de mais. Lembre-se dos milhares de pessoas honestas que se levantam todos os dias para irem trabalhar, sustentar as suas famílias, atravessar dificuldades enormes que lhes são impostas pelo Estado. Lembre-se desses. Pensa que eles não existem? Tem que sair mais vezes de casa. Lembre-se deles, pelo menos, quando eles voltarem a votar no “seu” Sócrates.
O que é o povo? Esta questão é mesmo complexa, e as generalizações são sempre (muito) falíveis.
O povo é gente honesta que se levanta com as galinhas para ir trabalhar arduamente? Sim, será. Mas também é gente que faz lobby, alinhando com políticos e poder económico, como constatei esta tarde/noite numa discussão de um plano de pormenor de um parque natural.
Henrique,
Acabo aqui, com um provérbio:
"Em terra de cegos quem tem um olho é rei".
Traduzo:
O Sócrates, não sendo o sonhado "excelente" -difícil de aferir para "um povo que nunca se governou nem se deixou governar", é no entanto o tal do "olho", na actualidade, por muitas razões, bem conhecidas. Por isso achei e acho indecente, inapropriada e indecorosa, a inspecção que um povo trafulha e analfabeto faz, a esta hora do campeonato, às suas certidões académicas, enquanto hipocritamente repete, que nem liga nada a isso.Ou não foi verdade que 3 milhões o viram na entrevista?
É ou não verdade que certo povo e não é pouco, suspira, coitado, na sua ignorância pedregosa, pelo falecido homem de Santa Comba?
Mais acrescento que também faço parte do povo que como dizia Pessoa "depois das Descobrimentos ficou desempregado". Não julgo. Só analiso, sem patrioteirismos politicamente correctos ou passa-culpismos de futebol,fado e fátima.
"Sustentar a família", já foi muito mais heróico do que hoje, em tempos sem Previdência, Fundo de Desemprego ou Assistentes Sociais.
Além de que certas "honestidades" não me interessam de todo. São demasdiado entediantes. E interprete como lhe aprouver.
Entretanto o bom povo anda demasiado absorvido, neste princípio de semana, pela doença do Eusébio e esqueceu-se da cicuta, para já.
E como não entende a minha saudável auto-crítica, nem o registo de onde falo, por aqui encerro o assunto, agradecendo o destaque que deu, a parte do meu solilóquio, no meu blogue.
Saúde.
I.
Então também eu me fico por aqui:
«…a inspecção que um povo trafulha e analfabeto faz, a esta hora do campeonato, às suas certidões académicas, enquanto hipocritamente repete, que nem liga nada a isso».
- Não me arrogo no direito de conhecer assim tão bem o povo para o caracterizar dessa forma, mas não posso concordar com o facto de ser ele a fazer de inspector. Quem anda a inspeccionar é a jornalada ao serviço dos interesses económicos de mister Belmiro. O povo limita-se a observar o assunto e, como sempre, a emitir opinião. Está no seu direito, ainda bem quer assim é.
«Ou não foi verdade que 3 milhões o viram na entrevista?»
- Não sei se 3 milhões viram a entrevista se não. Mas e daí? A retrospectiva sobre Amadeo Souza-Cardoso foi visitada por 93 000 pessoas. Isso quer dizer o quê? Que somos um povo muito interessado em pintura?
«certo povo e não é pouco, suspira, coitado, na sua ignorância pedregosa, pelo falecido homem de Santa Comba»
- É verdade que sim, mas certo povo não é o povo.
«"Sustentar a família", já foi muito mais heróico do que hoje..»
- Não tenho dúvidas disso. Nos séculos XV e XVI, XVII e XVIII, era muito mais difícil sustentar a família que no século XX e XXI. E hoje, não tenhamos dúvidas, seremos os heróis de amanhã. Isto não vai lá com heroísmos e julgamentos desses, ainda que eivados de análise.
«certas "honestidades" não me interessam de todo»
- A mim interessa-me tudo o que é honesto. O tédio também não me desagrada de todo.
«como não entende a minha saudável auto-crítica, nem o registo de onde falo,»
- Lá está, a Inês acha que discordar de si é não entendê-la. Eu não sou assim, por uma questão de honestidade intelectual julgo que você discordar de mim é um direito básico, muito saudável, bem menos entediante e mais honesto do que eu julgar que você não me entende. Eu entendi a sua “auto-crítica” mas não concordo com ela, pois julgo-a incoerente e despropositada, contraditória em si mesma o que não seria mau se não se negasse a si própria. Conceda-me pelo menos o direito de discordar de si sem que me seja passado um atestado de ignorância. Caso contrário, só me sentirei inteligente quando concordar consigo. O que seria um péssimo sinal.
Muita saúde,
Bom, de tudo isto só se pode concluir que pessoas honestas são excepções, seja qual for a sua origem social, porque Portugal é um país onde a corrupção impera e infelizmente,a classe politica é muito má, as chefias no estado estão cada vez mais politisadas,as reformas dos deputados são escanlosas, existem gestores a passearem de um lado para o outro com brutas idmenizações e a ganharem mais que o presidente da republica. Os exemplos vêm de cima. As reformas na actual função publica são drásticas, vão prejudicar quem nunca trabalhou, mas também quem trabalhava pelos que não faziam nada, os sindicatos aqui não ajudaram, temos o exemplo do ensino básico e secundário oficial, onde a progressão na carreira era apenas feita pelo tempo de serviço, e igual para licenciados com mestrado e não licenciados e etc...e são as pessoas honestas que trabalham que são lixadas no meio da trafulhice, não só a classe média ou povo que vive cada vez com mais dificuldades, mas também os poucos empresários que pagam os seus impostos, tentam ter as contas em dia, quem leva com 21% de IVA e não paga luvas para as coisas poderem ser feitas. A geração do actual Primeiro- ministro andou a brincar às revoluções na juventude, não podemos esquecer disso, tiveram passagens administrativas, entraram para as faculdades sem numeros clausus, comeram subsidios da CEE, arranjaram tachos uns para os outros,foram boys nos governos PS ou PSD, desconfio de qualquer politico daquela facha etária, nem voto neles. Pode ser que os próximos, como já passaram por outras coisas, sejam um pouco melhores, tenho esperança nos filhos da liberdade.
Maria João
Subscrevo na íntegra o teu comentário, Maria João.
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