8.9.05

Novela Nasal – 6º Episódio

Eu e o meu Macacão, na primeira vez que saímos, demos por nós entusiasmados um com o outro, perdemos totalmente a noção do tempo e deixámos de ver o grupo onde estávamos. Senti-me um pouco perdida, pois não vou com frequência às paredes nasais, por causa das partidas que o sistema imunitário prega. E depois há os espirros que detesto, lançam os macacos numa enorme confusão, devido à pressão que exercem nos fluxos das mucosas parietais. Nessa noite, ainda por cima, tinha sentido a presença no ar do Anti-alérgico, um amigo do Antibiótico, que não mata, mas mói. Quando o Anti-alérgico se aproximou de nós, comecei a alucinar. Tudo em meu redor ficou em câmara lenta, as cores tornaram-se brilhantes e luzidias, sentia algo a puxar-me no sentido vertical, não sei explicar bem, como se instalasse de um modo fresco na parte da frente do corpo e me puxasse para cima. Então o meu Macacão abraçou-me, protegeu-me com o seu corpo, levou-me a cambalear para casa, foi um verdadeiro cavalheiro. Senti-me segura assim, pois ele é mesmo sólido e resistente. Quando cheguei a casa, as minhas irmãs já estavam deitadas, ainda bem que elas não se depararam com o Anti-alérgico.
Maria João