24.1.07

IVG #35

Agora, vem o senhor cardeal debitar pérolas como “Mas a palavra esclarecedora sobre esta questão é-nos dada pela ciência. A partir do embrião, toda a especificidade de cada ser humano está definida. É possível identificar, desde logo, o código genético e as etapas do crescimento estão caracterizadas. É uma vida humana, desde o início.“, e ainda há quem discuta esta burrice a sério, em vez de ridicularizar uma posição que, se levada à letra, nos impediria de evacuar, urinar, lavar os dentes, cortar as unhas, arrancar peles mortas do nariz ou dos cantos da boca, tomar banho, fazer amor, enfim, viver, pois em todas essas actividades se perdem células contendo "toda a especificidade de um ser humano". Ainda há quem discuta esta burrice a sério em vez de, melhor ainda, muito melhor ainda, lembrar a este tipo de charlatão de sotaina que o que está em causa não é onde começa a vida humana ou se o aborto é ou não uma boa coisa, mas tão-só, simplesmente, se "a mulher grávida que der consentimento ao aborto praticado por terceiro, ou que, por facto próprio ou alheio, se fizer abortar, [deve ser] punida com pena de prisão até 3 anos." A decisão que há que tomar, a pergunta a que há que responder sim ou não é, apenas, se esta lei estúpida (citada aqui textualmente com a substituição de "é" pelo "deve ser" que está entre patêntesis retos) deve ou não ser alterada. Parcialmente, ainda por cima, pois a pergunta que é feita no referendo nem sequer prevê uma despenalização total da prática de aborto mas apenas um alargamento das exceções já previstas na lei.
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