APRENDER A CONTAR #24
MARIA-PELEGO-PRETO
Maria-pelego-preto, moça de 18 anos, era abundante de pêlos no pente.
A gente pagava pra ver o fenômeno.
A moça cobria o rosto com um lençol branco e deixava pra fora só o pelego preto que se espalhava quase até pra cima do umbigo...
Era uma romaria chimite!
Na porta o pai entrevado recebendo as entradas...
Um senhor respeitável disse que aquilo era uma indignidade e um desrespeito às instituições da família e da Pátria!
Mas parece que era fome.
Manoel de Barros (1916), Poemas Concebidos Sem Pecado, p. 51, Record, 3.ª Edição, 1999.
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