IVG #45
A RTP-N está neste momento a transmitir um frente-a-frente sobre o aborto. Laurinda Alves monopoliza a peixeirada. Lídia Jorge tenta fazer passar o seu raciocínio. Debalde. Laurinda simplesmente não deixa. Mudei de canal. Como bem lembrou Lídia Jorge, os actuais defensores do NÃO tiveram todo o tempo do mundo para aprovar no parlamento as suas ideias. Com efeito, depois do referendo de 98, a Direita teve maioria parlamentar durante praticamente três anos: entre Abril de 2002 e Março de 2005. A coisa legislativa que eles agora propugnam (considerar crime mas isentar de pena), por que é que não a defenderam nos últimos nove anos, se até houve um período razoável, de 2002 a 2005, em que podiam tê-lo feito sozinhos? Laurinda Alves, e todas as Laurindas eugénicas, podem dizer o que lhes vem à cabeça. A democracia é isso. Mas o líder do PSD, um homem que tem a ambição legítima de vir a ser primeiro-ministro, não pode. E também o ouvi hoje a espantar-se com afirmações de Sócrates de que (e muito bem) a lei não será alterada se o NÃO vencer. Mas podia ser de outro modo? Então para que é que se faz o referendo? Justamente para saber se a letra da lei pode, ou não, mudar. O argumento de sacristia de que não há mulheres presas, não cola. O facto de não estarem presas não significa que muitas não tenham sido condenadas depois de publicamente enxovalhadas. Ou conta só o encarceramento?
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